Relaxe
seus olhos, solte seu corpo, observe sua respiração e abandone gradativamente
seus pensamentos... Sinta o silêncio... Absorva-se na profunda quietude...
Simplicidade!
Simplicidade! Simplicidade! Que suas ocupações sejam duas ou três, e não cem ou
mil.
Quando renunciamos ou abandonamos o
que é irrelevante, resta-nos apenas o essencial, que é impossível perder.
Quando abrimos mão do apego ao ego, aliviamos nossa carga e descobrimos quem
realmente somos. Essa é a magia da simplicidade.
E todos concordamos: A simplicidade é
bela; a simplicidade é espiritual; a simplicidade é uma bênção. A simplicidade
é o que desejamos. Menos é decididamente mais. No zen, por exemplo, a meditação
é chamada de “Zazen”, simplesmente sentar-se. Mas o verdadeiro significado de
Zazen é permanecer no momento e simplesmente estar. Abandonar os pensamentos,
os movimentos e os discursos supérfluos. Simplesmente estar. Pura presença.
Em nossa vida agitada, ansiamos um
retorno à pureza, à naturalidade e à inocência. E por mais que sonhemos, porém,
com um modo de vida que revele simplicidade, geralmente não vivemos assim.
Continuamos nos perguntando: Tenho tudo de que preciso¿ Quando, na verdade, uma
pessoa consciente perguntaria: ‘Será que preciso realmente de tudo o que tenho?
A vida é assim... Imprevisível,
complicada e tão difícil de controlar quanto um cavalo selvagem. Pela própria
natureza a vida não é simples.
Todos os sábios de todas as épocas
disseram a mesma coisa de maneiras diferentes; ‘Perdemos Deus, perdemos o
sentido e perdemos a nós mesmos na complexidade. Quando nos envolvemos na
multiplicidade, perdemos a unidade. Em meio ao excesso de formas, perdemos de
vista a essência.
Como buscadores espirituais, queremos
ser capazes de ver o significado simples e fundamental do que fazemos. Queremos
ser capazes de organizar a desordem da escrivaninha, da nossa vida, do nosso
coração e da nossa mente para encontrar o que estamos procurando. Mas encontrar
soluções simples nos estilos de vida caótico de hoje em dia requer muita
atenção e autodomínio.
Uma vez li um pensamento escrito num
papelzinho amarelo num quadro de aviso que dizia: “Do caos surge uma estrela
dançante”. Perceba... Queremos ser capazes de fazer o mesmo com nossa vida.
Queremos organizar o caos, descascar as diversas camadas da cebola e encontrar
a estrela dançante. Ela pode estar enterrada no caos, mas sabemos que está lá
não sabemos? As estrelas dançantes somos nós. Com nossa própria luz, vamos
descobrir sozinhos o que queremos ser. Mas antes precisamos simplificar.
O conceito de bobo santo ou do louco
sagrado está contido em todas as tradições filosóficas do mundo. O bobo santo –
e muita gente já argumentou de maneira bem convincente que Buda, Jesus Cristo e
Maomé pertencem a essa categoria – consegue observar as complexidades
perturbadoras do mundo, consegue descascar suas camadas e ver as verdades
simples e essenciais ali enterradas. A unidade dentro da multiplicidade.
Geralmente também se relaciona a
simplicidade com a inocência e o espanto infantil. Kitaro certa vez escreveu:
“Se meu coração puder tornar-se puro e simples como o de uma criança, acho que
provavelmente não haverá felicidade maior”. No fundo do coração, recordamos
nossa infância, recordamos uma época em que víamos o mundo com certa clareza e
compreensão intuitiva. Tínhamos tão pouco excesso de bagagem... Ainda iríamos
acrescentar inúmeras projeções, preconceitos, hábitos e apegos.
Então, lutamos pela simplicidade na
nossa própria vida arrancando camadas e mais camadas de sujeira que se grudaram
em nós com o passar dos anos, ou talvez até de várias vidas. Sentimos tanto o
peso da carga supérflua...
Não seria maravilhoso, então, nos
livrarmos dessas cargas e nos despirmos do não essencial¿ Podemos simplificar
nossa vida afrouxando o apego e abandonando maus hábitos e comportamentos
insatisfatórios. Para simplificar nossa vida, simplificamos nossa mente pela
prática da meditação. E depois de transpor todas as camadas e véus, ficamos com
a luminosidade fundamental – nossa Verdadeira Natureza (Natureza búdica inata).
Simplesmente Ser – Presença Autêntica.
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