O homem nasce sozinho e morre sozinho,
mas, entre esses dois pontos, ele vive em sociedade, ele vive com os outros.
Mas a solidão é sua realidade básica;
a sociedade é simplesmente acidental. E a menos que o homem possa conhecer sua
solidão em sua total profundidade, ele não pode se familiarizar consigo mesmo. Você
permanece desconhecido. Pelo lado de fora, você não pode ser revelado.
Mas nós vivemos com os outros e por
causa disso, o autoconhecimento fica completamente esquecido. Você sabe alguma
coisa de você, mas indiretamente - é algo dito a você pelos outros. É estranho,
absurdo, que os outros devam lhe dizer sobre você.
Seja qual for a identidade que você
carregue, ela é dada a você pelos outros; ela não é real, é uma rotulação. Um
nome é dado a você. Não somente o nome é dado, a própria imagem que você pensa
ser é dada pela sociedade: que você é bom, que você é ruim, que você é belo,
que você é inteligente, que você é moral, um santo, ou seja, o que for.
A imagem, a forma, também é dada pela
sociedade, e você não sabe o que você é. Nem seu nome revela nada, nem a forma
que a sociedade lhe deu. Você permanece desconhecido para si mesmo.
Esta é a ansiedade básica. Você
existe, mas você é um desconhecido para si mesmo.
Esta falta de conhecimento da pessoa
sobre ela mesma é a ignorância, e esta ignorância não pode ser destruída por
nenhum conhecimento que os outros possam lhe dar. Eles podem lhe dizer que você
não é este nome, que você não é esta forma, que você é uma "alma
eterna", mas isso também está sendo dado pelos outros.
E a menos que você chegue até a si
mesmo diretamente, você permanecerá na ignorância. E a ignorância cria
ansiedade. Você não tem somente medo dos outros, você tem medo de si mesmo -
porque você não sabe quem você é e o que está escondido dentro de você - da
fonte de onde você vem, do fim para o qual você está se movendo, do ser que
você é agora.
Até o amor se tornou impossível. Nem à
sua esposa você pode dizer a verdade. Nem com seu amante você pode ser
totalmente autêntico, porque mesmo os olhos dele ou dela estão julgando.
Ele ou ela também quer uma imagem a
ser seguida, um ideal - sua realidade não é importante, o ideal é importante.
Você sabe que se você expressar sua
totalidade, você será rejeitado, você não será amado. Você tem medo, e por
causa desse medo o amor se torna impossível.
O silencio é essencial.
Sua alma é essencial; seu Ego é acidental. E descobrir o essencial é a busca, a
única busca.
E como descobrir o essencial? Buda
saiu em silêncio durante seis anos. Jesus também foi para o deserto. Quando ele
saiu de volta, ele era um homem totalmente diferente: ele tinha se defrontado
consigo mesmo.
A solidão torna-se o espelho. A
sociedade é o engano. Eis por que você tem medo de ficar sozinho - porque você
terá de se conhecer na sua nudez, na sua ausência de máscaras.
Você tem medo. Ficar sozinho é
difícil. Sempre que você está sozinho, você imediatamente começa a fazer alguma
coisa, de modo a não ficar sozinho.
Você pode começar a ler o jornal, ou
talvez você ligue a TV, ou você pode ir a um clube para se encontrar com alguns
amigos, ou talvez visitar alguém da família - mas você tem de fazer algo. Por
quê? Porque no momento em que você está sozinho sua identidade se derrete, e
tudo que você sabe sobre si mesmo fica falso e tudo o que é real começa a vir à
tona.
Todas as religiões dizem que o homem
tem de entrar em retiro para conhecer a si mesmo.
A pessoa não precisa ficar lá para
sempre, isso é inútil, mas a pessoa tem de ficar em solitude por um tempo, por
um período.
E a extensão do período dependerá de
cada indivíduo. Jesus ficou sozinho por alguns dias; Mahavir durante doze anos
e Buda durante seis anos. Depende. Mas a menos que você chegue ao ponto onde
você possa dizer "agora conheci o essencial", é imperativo ficar
sozinho.
por Osho
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