Hoje
estudaremos a quinta etapa no caminho espiritual, como deixado por Buda, que é
o “Meio de Vida Correto”.
O Meio de Vida Correto é um conceito
tanto espiritual quanto prático e, hoje em dia, ao lermos antigas escrituras
percebemos quanto bom senso e quantos conselhos para o dia a dia o Buda deu
pessoalmente, durante sua longa vida. Quando os monges lhe perguntaram como a
Sangha – Sangha é a comunidade de praticantes - poderia viver melhor, o que
Buda disse foi: “Não esconda os legumes do seu prato debaixo do arroz”,
lembrando a todo o praticante que deseja mais do que a sua cota de legumes, que
ele expressa o egoísmo em diversos outros pequenos atos também. Esta é a
espiritualidade prática e real.
O Meio de Vida Correto nos ajuda a
viver, e não apenas a ganhar dinheiro. Ele nos oferece renovação espiritual,
aqui e agora, sem ir a nenhum outro lugar. Buda disse: “Manter o coração cheio
de amor, mesmo que apenas pelo tempo de um estalar dos dedos, nos torna seres verdadeiramente
espirituais”.
E para compreender melhor esse
ensinamento, a percepção meditativa pode ajudar a ver que pequenas ações
atenciosas, talvez façam muita diferença na vida de uma pessoa.
Mas não vamos ser excessivamente
ingênuos. O local de trabalho em geral é confuso, agitado, com poucos valores
humanos, e rápido demais em recompensar o egocentrismo e a ganância. Tentar
praticar a espiritualidade autêntica no local de trabalho, certamente irá criar
alguns desafios interessantes.
A perfeição é um ideal, difícil de se
encontrar aqui na terra. Cada situação de trabalho é um pouco imperfeita, um
pouco cheia de hipocrisias, acordos e egoísmo – às vezes até nossos. Na maioria
dos cenários do trabalho, qualquer coisa que não seja a lógica do “eu primeiro”
não faz sentido e soa esquisito. Então trabalhar a nós mesmos enquanto
trabalhamos em um emprego pode ser uma experiência extremamente transformadora.
Por um instante pense nos “venenos”
que encobrem a visão da realidade: (São cinco) Ignorância, Orgulho, Inveja,
Inimizade e Desejo. Em algum nível, qualquer situação de trabalho vai provocar
pelo menos alguns destes venenos. Se a pessoa na outra mesa for promovida em
seu lugar, você poderia sentir inveja e desejo por uma promoção própria. Se
receber um grande aumento, o que o impede de se sentir orgulhoso de si mesmo?
Mas não vá entender errado a mensagem
do Darma, achando que devemos negar nossos sentimentos ou nos distanciar da
experiência humana, com toda a sua variedade e profundidade. As emoções fortes
não são a questão principal, e sim o apego e o desejo ardente. Quando nos
agarramos com avidez a essas emoções ardentes, nos perdemos na identificação
excessiva com elas, e essas emoções acabam assumindo o comando da mente,
apossando-se de nossos pensamentos e encobrindo nossa visão – prejudicando,
assim, a percepção do momento presente.
Dhamma nos ensina que é mais
importante compreender por que dizemos ou fazemos algo do que as próprias
palavras e atos em si. Não importa o que esteja acontecendo em sua vida, ou o
que você esteja fazendo, sempre é bom dar uma olhada no espelho da mente, a
intervalos regulares, para examinar o que está acontecendo ali, e quais são
seus motivos e intenções. A reflexão a nosso próprio respeito nos ajuda a
tornar cada parte de nosso trabalho um pedaço do caminho espiritual, ou seja,
mais combustível para a jornada.
A mensagem que fica desse ensinamento
é que não devemos nos agarrar aos nossos sentimentos; não devemos permitir que
nossas emoções esmaguem as coisas que estão em nossas mãos. Devemos, sim, é
desfrutar as experiências enquanto ocorrem, e depois deixa-las partir. Isso faz
lembrar um poema favorito de William Blake:
Aquele que detém uma alegria só para
si
Destrói o voo leve da vida;
Mas aquele que beija a alegria enquanto
ela está passando,
Vive no amanhecer da eternidade.
por Lama Surya Das
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