5 de nov. de 2014

Antídotos para a Indiferença


Relaxe os olhos e observe a sua respiração. Procure manter a sua mente calma e tranquila, atenta e alerta, momento a momento...
Perceba a necessidade de manter a atenção, a Mente Atenta, ao momento presente de sua vida e aos eventos sutis da sua própria mente.
Procure, então, remover a barreira que você criou entre interior e exterior, e mergulhe na experiência imediata do momento presente, do aqui e agora, mas já consciente da presença de sua mente nas interpretações e visões que você desenvolve; consciente da presença da mente na construção da paisagem que você observa...
E então, perceba... Afetada emocionalmente pela ignorância e seus poderosos frutos, as pessoas tendem a desejar cada vez mais ilusão e, acabam perdendo a lucidez, como se essa espécie de sonho e devaneio contivesse algum tipo de poder, beleza ou encantamento; ou ainda, se trouxesse algum tipo de alívio e deleite para o sofrimento.
A grande ilusão é a crença em um “eu” que aparece para a nossa mente como sendo absolutamente real, separado e independente de todos os demais fenômenos.
A lucidez, a paz, a sanidade e a felicidade que naturalmente são alcançadas através da superação da Ignorância e Ilusão, decorrem da meditação, da união mente e coração no momento presente e revelam as qualidades essenciais da mente – que são atingidas sem artifícios externos, sem o uso de drogas, sem estados alterados de consciência, sem religiões, sem doutrinas, sem credos ou dogmas de qualquer natureza.
Simplesmente sentando em silêncio, você alcança a mente pura, desobstruída, iluminada e, naturalmente dotada dessas qualidades pacíficas. Concordo que um tal estado da mente em sua plenitude – pura, descondicionada e livre da Ignorância -, possa ser muito raro.
Despertar da Ignorância básica é o trabalho verdadeiro e real que cada um de nós veio realizar neste plano da existência. E não estar empenhado nesta auto realização é quase não estar vivo; e significará a continuidade da ilusão e da existência condicionada.
As pessoas, talvez a grande maioria, consideram normal e positivo reagir sempre automaticamente segundo as mais variadas emoções. Raros são os que agem, a maioria apenas reage.
Toda atitude inconsciente, especialmente carregada de automatismo e condicionamento, traz consequências e desdobramento. Perseguir incessantemente “o prazer pelo prazer que o prazer proporciona”, é patológico antes mesmo de se manifestar como algum tipo de mal orgânico. É manifestação do nosso desequilíbrio e impede, bloqueia o caminho para uma felicidade real.
Sem dúvida, há aquilo que apreciamos e que dá grande prazer em realizar, todavia, pode ser bem mais relevante e importante fazer aquilo que deve ser feito. Correndo sempre atrás de prazer, podemos acabar encontrando um estado de mente insaciável - que vai gerar apego, aversão ou indiferença, ou seja, sofrimento.
E é impossível ser feliz quando se está carregado de irritação, raiva ou ódio. Nosso corpo espelha nossos pensamentos e emoções desde muitas vidas. E com a visão mental distorcida pelo predomínio ou mistura destas poderosas emoções aflitivas, sem a plena luz da consciência presente, ou seja, sem Mente Atenta, nosso comportamento se assemelha ao de alguém que ingere cada vez mais veneno acreditando ingerir algo benéfico, ou um remédio capaz de curar sua enfermidade.
Com uma mente confusa, iludida, obscurecida, geramos negatividade e sofrimento para nós mesmos e para todos ao nosso redor e seremos incapazes de praticar ações extraordinárias, puras, incondicionadas, como as que empreendem os grandes seres de sabedoria. Sem praticarmos ações saudáveis, como Meditação e Mente Atenta, as únicas capazes de nos conduzir à plena consciência, para além desse estado condicionado, jamais será possível, para nós, uma real transcendência.

Em algum momento, colheremos os frutos amargos da nossa inconsciência e adormecimento, colheremos os frutos do enorme volume de excessos que impomos sobre nós mesmos, sobre todos os demais seres e sobre inconcebíveis bênçãos que, sem nos darmos conta, abusamos inconsequente e cegamente.

palavras de Enio Burgos

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