Relaxe os olhos e observe a sua
respiração. Procure manter a sua mente calma e tranquila, atenta e alerta,
momento a momento...
Perceba a necessidade de manter a
atenção, a Mente Atenta, ao momento presente de sua vida e aos eventos sutis da
sua própria mente.
Procure, então, remover a barreira que
você criou entre interior e exterior, e mergulhe na experiência imediata do
momento presente, do aqui e agora, mas já consciente da presença de sua mente
nas interpretações e visões que você desenvolve; consciente da presença da
mente na construção da paisagem que você observa...
E então, perceba... Afetada
emocionalmente pela ignorância e seus poderosos frutos, as pessoas tendem a
desejar cada vez mais ilusão e, acabam perdendo a lucidez, como se essa espécie
de sonho e devaneio contivesse algum tipo de poder, beleza ou encantamento; ou
ainda, se trouxesse algum tipo de alívio e deleite para o sofrimento.
A grande ilusão é a crença em um “eu”
que aparece para a nossa mente como sendo absolutamente real, separado e
independente de todos os demais fenômenos.
A lucidez, a paz, a sanidade e a
felicidade que naturalmente são alcançadas através da superação da Ignorância e
Ilusão, decorrem da meditação, da união mente e coração no momento presente e
revelam as qualidades essenciais da mente – que são atingidas sem artifícios
externos, sem o uso de drogas, sem estados alterados de consciência, sem religiões,
sem doutrinas, sem credos ou dogmas de qualquer natureza.
Simplesmente sentando em silêncio, você
alcança a mente pura, desobstruída, iluminada e, naturalmente dotada dessas
qualidades pacíficas. Concordo que um tal estado da mente em sua plenitude –
pura, descondicionada e livre da Ignorância -, possa ser muito raro.
Despertar da Ignorância básica é o
trabalho verdadeiro e real que cada um de nós veio realizar neste plano da
existência. E não estar empenhado nesta auto realização é quase não estar vivo;
e significará a continuidade da ilusão e da existência condicionada.
As pessoas, talvez a grande maioria,
consideram normal e positivo reagir sempre automaticamente segundo as mais variadas
emoções. Raros são os que agem, a maioria apenas reage.
Toda atitude inconsciente,
especialmente carregada de automatismo e condicionamento, traz consequências e
desdobramento. Perseguir incessantemente “o prazer pelo prazer que o prazer
proporciona”, é patológico antes mesmo de se manifestar como algum tipo de mal
orgânico. É manifestação do nosso desequilíbrio e impede, bloqueia o caminho
para uma felicidade real.
Sem dúvida, há aquilo que apreciamos e
que dá grande prazer em realizar, todavia, pode ser bem mais relevante e
importante fazer aquilo que deve ser
feito. Correndo sempre atrás de prazer, podemos acabar encontrando um
estado de mente insaciável - que vai gerar apego, aversão ou indiferença, ou
seja, sofrimento.
E é impossível ser feliz quando se está
carregado de irritação, raiva ou ódio. Nosso corpo espelha nossos pensamentos e
emoções desde muitas vidas. E com a visão mental distorcida pelo predomínio ou
mistura destas poderosas emoções aflitivas, sem a plena luz da consciência
presente, ou seja, sem Mente Atenta, nosso comportamento se assemelha ao de
alguém que ingere cada vez mais veneno acreditando ingerir algo benéfico, ou um
remédio capaz de curar sua enfermidade.
Com uma mente confusa, iludida,
obscurecida, geramos negatividade e sofrimento para nós mesmos e para todos ao
nosso redor e seremos incapazes de praticar ações extraordinárias, puras,
incondicionadas, como as que empreendem os grandes seres de sabedoria. Sem
praticarmos ações saudáveis, como Meditação e Mente Atenta, as únicas capazes
de nos conduzir à plena consciência, para além desse estado condicionado,
jamais será possível, para nós, uma real transcendência.
Em algum momento, colheremos os frutos
amargos da nossa inconsciência e adormecimento, colheremos os frutos do enorme
volume de excessos que impomos sobre nós mesmos, sobre todos os demais seres e
sobre inconcebíveis bênçãos que, sem nos darmos conta, abusamos inconsequente e
cegamente.
palavras de Enio Burgos
palavras de Enio Burgos
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