23 de out. de 2014

Ver o Buda em tudo - a prática da percepção pura


É difícil ver os outros como seres despertos (Budas), mas esse é um ensinamento que visa o cultivo da percepção pura, também chamada de visão sagrada. A percepção pura tem a ver com a visão interna.
Esta prática (Darma) nos ensina que todos os seres têm a natureza de um ser desperto (Natureza de Buda). Então olhe profundamente dentro e perceba... Você pode olhar nos olhos de alguém que ama e ver essa centelha divna (a natureza de um ser desperto - natureza búdica)¿ Você pode olhar para alguém de quem tem medo, alguém que não foi bom com você, e da mesma forma enxergar essa centelha divina (natureza desperta - natureza de Buda)?
A questão aqui é até onde cada um de nós consegue acolher a todos em nosso amor incondicional. Será que podemos amar e respeitar até mesmo aqueles cujas ações e personalidades não gostamos? Até onde podemos incluir a todos em nossos desejos, pensamentos, orações e corações? Será que podemos perdoar aos outros e a nós mesmos também? Perceba, ver um Ser Desperto (o Buda) em tudo é um desafio, mas é também um espelho para enxergar com clareza nosso próprio coração.
Uma das dificuldades básicas no desenvolvimento de um coração e mente desperto é a má vontade, a inimizade ou negatividade.
E lidar com esse desafio no mundo de hoje realmente requer plena atenção, porque existem muitas coisas que são perturbadoras; então, como não ficar furioso, cheio de ressentimentos e repleto de má vontade?
É importante lembrar que não há nada nesse ensinamento (Darma) que diga que não podemos ficar zangados. Mas se você engolir a raiva por tempo demais, vai ficar doente.
Então, lidar com o desafio da má vontade não quer dizer negar, reprimir ou suprimir a raiva. Quer dizer experimentar e soltar continuamente a energia, em vez de guardar tudo. Quer dizer não guardar ressentimentos, não culpar a si próprio, e não voltar a agressividade contra si mesmo, ficando deprimido e sem esperança. Idealmente, deveríamos ser sensíveis e atentos o suficiente para não apenas sentir a vida integralmente, mas também deixa-la ir embora.
Você já se viu na situação de achar que foi maltratado por alguém e não consegue se esquecer disso? E então fica ruminando, fazendo algum tipo de resolução ou voto de vingança? E talvez isso tenha durado tanto tempo que você perdeu o controle, e assim em vez de assumir, brevemente, a sua raiva e o seu desapontamento, você deixou que esses sentimentos se tornassem seus companheiros contínuos.
A sabedoria o encoraja a olhar estas situações realisticamente. Experimente o que está sentindo, mas não se prenda à situação e, assim, transforme sua atitude, pois a má vontade, quando abandonada à própria sorte, pode facilmente virar maldade, raiva ou fúria, muitas vezes nem percebermos o que aconteceu.
Trabalhar para incorporar um coração e mente puro, ou seja, altruísta e sem ego é viver com Plena Atenção.

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