É difícil ver os outros como seres
despertos (Budas), mas esse é um ensinamento que visa o cultivo da percepção
pura, também chamada de visão sagrada. A percepção pura tem a ver com a visão
interna.
Esta prática (Darma) nos ensina que
todos os seres têm a natureza de um ser desperto (Natureza de Buda). Então olhe
profundamente dentro e perceba... Você pode olhar nos olhos de alguém que ama e
ver essa centelha divna (a natureza de um ser desperto - natureza búdica)¿ Você
pode olhar para alguém de quem tem medo, alguém que não foi bom com você, e da
mesma forma enxergar essa centelha divina (natureza desperta - natureza de
Buda)?
A questão aqui é até onde cada um de
nós consegue acolher a todos em nosso amor incondicional. Será que podemos amar
e respeitar até mesmo aqueles cujas ações e personalidades não gostamos? Até
onde podemos incluir a todos em nossos desejos, pensamentos, orações e
corações? Será que podemos perdoar aos outros e a nós mesmos também? Perceba, ver
um Ser Desperto (o Buda) em tudo é um desafio, mas é também um espelho para
enxergar com clareza nosso próprio coração.
Uma das dificuldades básicas no
desenvolvimento de um coração e mente desperto é a má vontade, a inimizade ou
negatividade.
E lidar com esse desafio no mundo de
hoje realmente requer plena atenção, porque existem muitas coisas que são
perturbadoras; então, como não ficar furioso, cheio de ressentimentos e repleto
de má vontade?
É importante lembrar que não há nada
nesse ensinamento (Darma) que diga que não podemos ficar zangados. Mas se você
engolir a raiva por tempo demais, vai ficar doente.
Então, lidar com o desafio da má
vontade não quer dizer negar, reprimir ou suprimir a raiva. Quer dizer
experimentar e soltar continuamente a energia, em vez de guardar tudo. Quer
dizer não guardar ressentimentos, não culpar a si próprio, e não voltar a
agressividade contra si mesmo, ficando deprimido e sem esperança. Idealmente,
deveríamos ser sensíveis e atentos o suficiente para não apenas sentir a vida
integralmente, mas também deixa-la ir embora.
Você já se viu na situação de achar
que foi maltratado por alguém e não consegue se esquecer disso? E então fica
ruminando, fazendo algum tipo de resolução ou voto de vingança? E talvez isso
tenha durado tanto tempo que você perdeu o controle, e assim em vez de assumir,
brevemente, a sua raiva e o seu desapontamento, você deixou que esses
sentimentos se tornassem seus companheiros contínuos.
A sabedoria o encoraja a olhar estas
situações realisticamente. Experimente o que está sentindo, mas não se prenda à
situação e, assim, transforme sua atitude, pois a má vontade, quando abandonada
à própria sorte, pode facilmente virar maldade, raiva ou fúria, muitas vezes nem
percebermos o que aconteceu.
Trabalhar para incorporar um coração e mente puro, ou
seja, altruísta e sem ego é viver com Plena Atenção.
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