Observe a sua respiração...
E perceba que algumas vezes a sua
mente está aqui, mas na maior parte do tempo, ela está longe, vagando em
pensamentos compulsivos, ocupada demais com o futuro ou passado... Estamos
sempre correndo atrás de algo além e longe do aqui e agora.
Eu chamo esta íntima relação entre
presença e ausência de: “a gangorra entre Mente Atenta e Ignorância”. Quando
uma sobe, a outra desce e vice-versa. Talvez você possa entender agora por que
dissemos que a Ignorância está imperando no mundo. Perceba, o homem parece
interessado e fixado apenas no exterior, deixando de lado a necessária atenção
sobre o seu universo sutil e interior. O homem está ausente de si mesmo.
Meditação e Mente Atenta são práticas
extremamente saudáveis e que podem nos conduzir ao autoconhecimento, à Plena
Atenção, à Plena Consciência e, ao efetivo contato com nossa essência feliz.
Elas podem dissolver e erradicar nossa escuridão, ampliando nossa alegria,
felicidade e assim contribuir para melhor equilibrar a nossa saúde física e
mental.
Meditação e Mente Atenta são
medicamentos sutis maravilhosos e são práticas que podem curar nossas vidas.
Sem essas práticas permaneceremos ausentes, distantes, com a mente sempre
divagando, sem consciência, sem ver ou compreender o que fazemos com nossas
vidas e com este mundo.
Meditar, para o Buda, não incluía
apenas a busca de um mero silêncio exterior ou interior, mas encontrar e
habitar um silêncio muito mais sutil e abrangente, que não é causado pelo
silêncio externo ou pela mera quietude e inatividade corporal.
O silêncio que Buda falava é praticado
especialmente quando o mundo tenta nos distrair com hostilidades, ruído,
crueldade... Um estado sublime assim só é possível quando vemos que toda a
Ignorância e confusão, interna e externa, têm suas raízes penetrando em nossa
própria mente. Ver, ouvir, cheirar, provar, sentir e pensar são o nosso
ambiente - a sala e a almofada predileta da nossa mais profunda e pura prática
de meditação. Os acontecimentos da nossa vida, por mais banais que sejam, são
fruto da nossa mente e, ao mesmo tempo, são os verdadeiros mensageiros do nosso
despertar, desde que saibamos observar.
O Buda alcançou a Iluminação por
simplesmente meditar e praticar a Plena Atenção ou Mente Atenta até que sua
Ignorância cessasse completamente. Ao final, ele declarou: “Meu eu está
extinto”. Ele viu que não há nenhum eu auto existente, em si mesmo, separado de
tudo o mais. Todos os fenômenos sem exceção, internos e externos, são
inseparáveis e interdependentes. Se você praticar meditação e Mente Atenta
adequadamente, a sua Ignorância também se dissipará e você verá a si mesmo e a
todas as demais coisas bem assim como são, sem fantasias, sem ilusão.
A Ignorância surge apenas por
abdicarmos de praticar a atitude simples de presenciar (com mente-corpo-coração
sempre juntos), presenciar momento a momento, a nossa própria vida.
Então, devemos iniciar o quanto antes
essa prática! Temos de estabelecer a Mente Atenta tanto interna quanto
externamente, passando a encarar todos os eventos de nossa vida, de momento a
momento, no aqui e no agora. O antídoto para a Ignorância não é lutar contra
ela, mas apenas parar, sossegar e olhar com profundidade, bem nos olhos da
nossa mente e da nossa vida no aqui e no agora mesmo.
Se mantivermos uma mente sempre
presente, atenta ao surgimento dos nossos pensamentos, acompanhando a sua
natureza, tipo de energia, permanência, solicitações, desdobramentos e
posterior dissolução, a Ignorância vai paulatinamente tornando-se cada vez mais
incapaz de agir. Com a nossa Plena Atenção, ela não pode mais crescer ou
intervir.
Se você puder olhar assim, livre, sem
barreiras criadas pela razão ou pelo pensamento, você não terá mais dúvida
alguma. Você verá que só estou usando estas palavras para lembrá-lo daquilo que
a sua sabedoria mais profunda e sutil já sabe há incontáveis eras. Eu espero
que tudo isso fique cada vez mais claro, pois ainda temos um longo caminho a
percorrer...
Nenhum comentário:
Postar um comentário