23 de out. de 2014

Uma contribuição do Buda para a meditação


Observe a sua respiração...
E perceba que algumas vezes a sua mente está aqui, mas na maior parte do tempo, ela está longe, vagando em pensamentos compulsivos, ocupada demais com o futuro ou passado... Estamos sempre correndo atrás de algo além e longe do aqui e agora.
Eu chamo esta íntima relação entre presença e ausência de: “a gangorra entre Mente Atenta e Ignorância”. Quando uma sobe, a outra desce e vice-versa. Talvez você possa entender agora por que dissemos que a Ignorância está imperando no mundo. Perceba, o homem parece interessado e fixado apenas no exterior, deixando de lado a necessária atenção sobre o seu universo sutil e interior. O homem está ausente de si mesmo.
Meditação e Mente Atenta são práticas extremamente saudáveis e que podem nos conduzir ao autoconhecimento, à Plena Atenção, à Plena Consciência e, ao efetivo contato com nossa essência feliz. Elas podem dissolver e erradicar nossa escuridão, ampliando nossa alegria, felicidade e assim contribuir para melhor equilibrar a nossa saúde física e mental.
Meditação e Mente Atenta são medicamentos sutis maravilhosos e são práticas que podem curar nossas vidas. Sem essas práticas permaneceremos ausentes, distantes, com a mente sempre divagando, sem consciência, sem ver ou compreender o que fazemos com nossas vidas e com este mundo.

Meditar, para o Buda, não incluía apenas a busca de um mero silêncio exterior ou interior, mas encontrar e habitar um silêncio muito mais sutil e abrangente, que não é causado pelo silêncio externo ou pela mera quietude e inatividade corporal.
O silêncio que Buda falava é praticado especialmente quando o mundo tenta nos distrair com hostilidades, ruído, crueldade... Um estado sublime assim só é possível quando vemos que toda a Ignorância e confusão, interna e externa, têm suas raízes penetrando em nossa própria mente. Ver, ouvir, cheirar, provar, sentir e pensar são o nosso ambiente - a sala e a almofada predileta da nossa mais profunda e pura prática de meditação. Os acontecimentos da nossa vida, por mais banais que sejam, são fruto da nossa mente e, ao mesmo tempo, são os verdadeiros mensageiros do nosso despertar, desde que saibamos observar.
O Buda alcançou a Iluminação por simplesmente meditar e praticar a Plena Atenção ou Mente Atenta até que sua Ignorância cessasse completamente. Ao final, ele declarou: “Meu eu está extinto”. Ele viu que não há nenhum eu auto existente, em si mesmo, separado de tudo o mais. Todos os fenômenos sem exceção, internos e externos, são inseparáveis e interdependentes. Se você praticar meditação e Mente Atenta adequadamente, a sua Ignorância também se dissipará e você verá a si mesmo e a todas as demais coisas bem assim como são, sem fantasias, sem ilusão.
A Ignorância surge apenas por abdicarmos de praticar a atitude simples de presenciar (com mente-corpo-coração sempre juntos), presenciar momento a momento, a nossa própria vida.
Então, devemos iniciar o quanto antes essa prática! Temos de estabelecer a Mente Atenta tanto interna quanto externamente, passando a encarar todos os eventos de nossa vida, de momento a momento, no aqui e no agora. O antídoto para a Ignorância não é lutar contra ela, mas apenas parar, sossegar e olhar com profundidade, bem nos olhos da nossa mente e da nossa vida no aqui e no agora mesmo.
Se mantivermos uma mente sempre presente, atenta ao surgimento dos nossos pensamentos, acompanhando a sua natureza, tipo de energia, permanência, solicitações, desdobramentos e posterior dissolução, a Ignorância vai paulatinamente tornando-se cada vez mais incapaz de agir. Com a nossa Plena Atenção, ela não pode mais crescer ou intervir.

Se você puder olhar assim, livre, sem barreiras criadas pela razão ou pelo pensamento, você não terá mais dúvida alguma. Você verá que só estou usando estas palavras para lembrá-lo daquilo que a sua sabedoria mais profunda e sutil já sabe há incontáveis eras. Eu espero que tudo isso fique cada vez mais claro, pois ainda temos um longo caminho a percorrer...

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