23 de out. de 2014

Histórias que contamos a nós mesmos


Perceba que é muito mais fácil falar de amor e compaixão do que praticá-los. Quando estamos envolvidos em uma situação que nos provoque insegurança, raiva, resistência ou conflito, temos a tendência a pensar primeiro em nosso interesse imediato.
E nós pensamos muito, mas na verdade conhecemos e compreendemos muito pouco. E por mais bem intencionados que nossos pensamentos sejam, a maior parte do tempo só pensamos em nossos próprios problemas – mesmo quando achamos que não estamos fazendo isso.
Por exemplo, quando vemos um presidente na televisão falando sobre impostos, imediatamente pensamos: “O que isto significa pra mim”? Ouvimos dizer que um novo Shopping vai ser construído, e imediatamente o vemos em termos dos nossos interesses – o valor do nosso imóvel, o trânsito por perto, nossas necessidades de consumidores. Qualquer coisa é vista pelo filtro dos nossos interesses pessoais. A primeira pergunta que sempre fazemos é: será que isso é bom ou ruim para mim e para os meus? Até mesmo quando fazemos alguma coisa pelos outros, em geral esperamos algo em troca.
A maioria das pessoas coloca em tudo que faz ideias preconcebidas sobre si mesmas, mesmo que não saibam disso. Quando nossos pensamentos refletem insegurança, não achamos que sejam egocêntricos. Por exemplo: “Não sou bom o bastante” ou “Ninguém me compreende” ou “Por que será que isto sempre acontece comigo”? Simplesmente por não estar pensando “Sou o melhor, o mais bonito, o mais inteligente etc.”, não significa que você não está envolvido com seu ego. Os exemplos de egocentrismo podem ser sutis e escorregadios como sabão.
Costuma ser tentador usar o pensamento para nos acalmarmos em relação àquilo que vamos fazer de qualquer maneira. Nós bebemos uma dose a mais, e depois pegamos o volante do carro para chegarmos em casa, dizendo a nós mesmos que dessa vez não tem importância e que não faremos de novo. Somos desonestos nos negócios e não declaramos nossos impostos – e depois racionalizamos a culpa. Eu com certeza já inventei desculpas para mim mesmo, para fazer o que queria ou estar onde queria estar. Você não? Já não disse a si mesmo “não importa”, quando sabe muito bem que importa? Todos já fizemos isso, não vamos nos enganar. Então como podemos aprender a andar no mundo com intenções puras e peito aberto?
Será que podemos admitir que estamos sendo egoístas na hora ou é melhor fingir e esperar o momento passar – e é claro que nunca passa, porque estamos constantemente reforçando o nosso padrão costumeiro. E será que somos capazes de reconhecer o alto custo que isto tem?
Para personificar a verdade (Darma), temos que abandonar a auto ilusão e ser honestos conosco e com o resto do mundo. Este nível de honestidade requer atenção consciente, discernimento, inteligência emocional, autoconhecimento e um sincero exame interior. Seu futuro, seu carma e a Verdade estão nos pensamentos e intenções que você forma hoje. Assim sendo, mantenha os olhos límpidos e capazes de enxergar.
Tudo depende de motivação e intenção. O que você diz a si mesmo com relação a qualquer situação reflete onde você está internamente. Tudo começa em sua cabeça, com aquilo que você afirma para si mesmo. Algumas vezes ficamos tão presos em nossas histórias de sempre que perdemos contato com o que e quem éramos antes. Uma pergunta Zen clássica é: “Quem era você e que aspecto tinha antes de seus pais nascerem¿ Reflita nisto por um momento. É para dobrar a mente e quebrar a casca do ovo da ignorância. É possível encontrar nossa identidade, quem e o quê somos, em um nível mais profundo do que as aparências externas e a nossa personalidade.

Então, nesse momento, pare! Respire algumas suave e profundamente vezes e, assim, vai diminuindo o volume do diálogo incessante dentro da cabeça.
Para despertar, é preciso chegar completamente onde você está agora, e tornar a conhecer este lugar, como se fosse pela primeira vez...
Estar completamente aqui e agora... Relaxado... Pare por um momento; largue tudo e permita-se... Chegar completamente... Aqui!
Este é o ponto de partida e também a chegada. Entre esses dois pontos – origem e fim, a terra e o fruto – está o caminho.

Habite integralmente este momento presente! Vale a pena.

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