Perceba que é muito mais fácil falar
de amor e compaixão do que praticá-los. Quando estamos envolvidos em uma
situação que nos provoque insegurança, raiva, resistência ou conflito, temos a
tendência a pensar primeiro em nosso interesse imediato.
E nós pensamos muito, mas na verdade
conhecemos e compreendemos muito pouco. E por mais bem intencionados que nossos
pensamentos sejam, a maior parte do tempo só pensamos em nossos próprios
problemas – mesmo quando achamos que não estamos fazendo isso.
Por exemplo, quando vemos um
presidente na televisão falando sobre impostos, imediatamente pensamos: “O que
isto significa pra mim”? Ouvimos dizer que um novo Shopping vai ser construído,
e imediatamente o vemos em termos dos nossos interesses – o valor do nosso
imóvel, o trânsito por perto, nossas necessidades de consumidores. Qualquer
coisa é vista pelo filtro dos nossos interesses pessoais. A primeira pergunta
que sempre fazemos é: será que isso é bom ou ruim para mim e para os meus? Até
mesmo quando fazemos alguma coisa pelos outros, em geral esperamos algo em
troca.
A maioria das pessoas coloca em tudo
que faz ideias preconcebidas sobre si mesmas, mesmo que não saibam disso.
Quando nossos pensamentos refletem insegurança, não achamos que sejam
egocêntricos. Por exemplo: “Não sou bom o bastante” ou “Ninguém me compreende”
ou “Por que será que isto sempre acontece comigo”? Simplesmente por não estar
pensando “Sou o melhor, o mais bonito, o mais inteligente etc.”, não significa
que você não está envolvido com seu ego. Os exemplos de egocentrismo podem ser
sutis e escorregadios como sabão.
Costuma ser tentador usar o pensamento
para nos acalmarmos em relação àquilo que vamos fazer de qualquer maneira. Nós
bebemos uma dose a mais, e depois pegamos o volante do carro para chegarmos em
casa, dizendo a nós mesmos que dessa vez não tem importância e que não faremos
de novo. Somos desonestos nos negócios e não declaramos nossos impostos – e
depois racionalizamos a culpa. Eu com certeza já inventei desculpas para mim
mesmo, para fazer o que queria ou estar onde queria estar. Você não? Já não
disse a si mesmo “não importa”, quando sabe muito bem que importa? Todos já
fizemos isso, não vamos nos enganar. Então como podemos aprender a andar no
mundo com intenções puras e peito aberto?
Será que podemos admitir que estamos
sendo egoístas na hora ou é melhor fingir e esperar o momento passar – e é
claro que nunca passa, porque estamos constantemente reforçando o nosso padrão
costumeiro. E será que somos capazes de reconhecer o alto custo que isto tem?
Para personificar a verdade (Darma),
temos que abandonar a auto ilusão e ser honestos conosco e com o resto do
mundo. Este nível de honestidade requer atenção consciente, discernimento,
inteligência emocional, autoconhecimento e um sincero exame interior. Seu
futuro, seu carma e a Verdade estão nos pensamentos e intenções que você forma
hoje. Assim sendo, mantenha os olhos límpidos e capazes de enxergar.
Tudo depende de motivação e intenção.
O que você diz a si mesmo com relação a qualquer situação reflete onde você
está internamente. Tudo começa em sua cabeça, com aquilo que você afirma para
si mesmo. Algumas vezes ficamos tão presos em nossas histórias de sempre que
perdemos contato com o que e quem éramos antes. Uma pergunta Zen clássica é:
“Quem era você e que aspecto tinha antes de seus pais nascerem¿ Reflita nisto
por um momento. É para dobrar a mente e quebrar a casca do ovo da ignorância. É
possível encontrar nossa identidade, quem e o quê somos, em um nível mais
profundo do que as aparências externas e a nossa personalidade.
Então, nesse momento, pare! Respire
algumas suave e profundamente vezes e, assim, vai diminuindo o volume do
diálogo incessante dentro da cabeça.
Para despertar, é preciso chegar
completamente onde você está agora, e tornar a conhecer este lugar, como se
fosse pela primeira vez...
Estar completamente aqui e agora...
Relaxado... Pare por um momento; largue tudo e permita-se... Chegar
completamente... Aqui!
Este é o ponto de partida e também a
chegada. Entre esses dois pontos – origem e fim, a terra e o fruto – está o
caminho.
Habite integralmente este momento
presente! Vale a pena.
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