23 de out. de 2014

A Yoga da vida


Yoga significa união, entretanto, prefiro termos como “continuidade” ou “inter existência”. Assim, por Yoga da vida, quero dizer que há uma profunda união, uma continuidade ou interexistência, entre nossa “mente-coração-corpo-vida-morte-existência cíclica-universo”.
Sem estar desperto diante dessa realidade, o modo como você faz, executa ou pratica a sua Yoga da vida é o que chamamos de carma, ou seja, suas ações fazem girar sem parar a roda da existência cíclica.
Estando inconsciente desse fluxo, dessa união, dessa continuidade e da inter existência entre todos as coisas e seres, você está sempre vinculando ação e reação (carma) consigo mesmo e com os outros. Penso ser muito importante adquirir Plena Consciência disso ainda nesta vida. Sem controle das nossas ações (do carma), somos varridos através da existência cíclica, como as folhas secas que rolam pelo chão sopradas pelo vento.
Um velho ditado afirma: “A mente faz o corpo, e o corpo faz a mente”. Tente perceber que nosso corpo e as experiências que vivenciamos com ele hoje, refletem as nossas ações (formações cármicas) ou estados mentais já acumulados e cultivados no passado. Não podemos fazer muita coisa a respeito, a não ser nos preparar para as repercussões que certamente retornarão a nós.
Da mesma maneira, o nosso próximo pensamento, a nossa próxima atitude, o estado mental que virá a seguir, o nosso próximo corpo, ou forma, a nossa próxima vida, enfim, será uma continuidade intimamente dependente de tudo aquilo que fazemos, realizamos, cultivamos e acumulamos agora, de momento a momento.
Formação cármica, tendências e inclinações cármicas, portanto, dizem mais a respeito ao já feito e acumulado. Carma fala mais daquilo que você faz com corpo, fala e mente que possui agora. Assim ou assado, bem ou mal, todos praticamos a nossa Yoga da vida.
Devido à Yoga da vida, passado e futuro já estão aqui! Eles estão empacotados, potencial, ou latentemente, no momento presente. Nada está distante ou separado. Tudo que fizemos, as nossas ações e sementes de ações prévias estão aqui conosco e, consequentemente, todo um futuro está engatilhado, preparado e apontado neste exato momento.
O disparo ou o movimento dessa Yoga da existência é ditado pelo modo como a executamos, ou seja, pelas ações (por apertarmos o gatilho) e pelas circunstâncias que nos cercam. O movimento é regido pelas ações (carma), pelo modo como praticamos a nossa Yoga frente à vida. Os pensamentos e o estado mental que carregamos, assimilamos e adotamos agora, potencializam, criam e originam o momento seguinte.
Muitas pessoas reclamam de terem feitos opções erradas no passado, mas, assim como estavam no comando de suas vidas anteriormente, elas continuam no comando agora também! Temos de nos conscientizar, definitivamente, de que sempre estivemos e permanecemos com a mão sobre o leme, enfrentando o mar e as tormentas das nossas vidas. Até mesmo soltá-lo é uma decisão nossa. Mudar a rota, ou liberá-la, significa assumir o leme e movê-lo com Plena Consciência.
Certa vez perguntaram ao Buda: “Quem está mais perdido e cego no caminho, aquele que pratica um mal propositadamente, ou aquele que o faz sem consciência alguma de tê-lo cometido”? Para nossa surpresa, o Buda respondeu com singeleza: “Diante das leis dos homens, o primeiro – que praticou o mal propositadamente – está mais perdido. Diante do caminho, porém, o segundo – aquele que fez o mal sem consciência. Ou seja, ambos estão perdidos.
Você só entenderá o significado completo desta resposta do Buda se compreender o que tem sido dito em nossas aulas...

Infelizmente, raras são as pessoas que trabalham na direção de tentar compreender melhor a sua própria Ignorância.
A atitude mais revolucionária a ser empreendida é, portanto, praticar Meditação e Mente Atenta, pois aquele que habita o momento presente, sem lamentar o passado e sem ficar ansioso com o futuro, goza de profunda paz, pois sabe como observar e entender o que está acontecendo no presente.
O nosso encontro com a vida está no momento presente.

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