Yoga significa união, entretanto,
prefiro termos como “continuidade” ou “inter existência”. Assim, por Yoga da
vida, quero dizer que há uma profunda união, uma continuidade ou
interexistência, entre nossa “mente-coração-corpo-vida-morte-existência
cíclica-universo”.
Sem estar desperto diante dessa
realidade, o modo como você faz, executa ou pratica a sua Yoga da vida é o que
chamamos de carma, ou seja, suas ações fazem girar sem parar a roda da
existência cíclica.
Estando inconsciente desse fluxo, dessa
união, dessa continuidade e da inter existência entre todos as coisas e seres,
você está sempre vinculando ação e reação (carma) consigo mesmo e com os
outros. Penso ser muito importante adquirir Plena Consciência disso ainda nesta
vida. Sem controle das nossas ações (do
carma), somos varridos através da existência cíclica, como as folhas secas
que rolam pelo chão sopradas pelo vento.
Um velho ditado afirma: “A mente faz o
corpo, e o corpo faz a mente”. Tente perceber que nosso corpo e as experiências
que vivenciamos com ele hoje, refletem as nossas ações (formações cármicas) ou estados mentais já acumulados e cultivados
no passado. Não podemos fazer muita coisa a respeito, a não ser nos preparar
para as repercussões que certamente retornarão a nós.
Da mesma maneira, o nosso próximo
pensamento, a nossa próxima atitude, o estado mental que virá a seguir, o nosso
próximo corpo, ou forma, a nossa próxima vida, enfim, será uma continuidade
intimamente dependente de tudo aquilo que fazemos, realizamos, cultivamos e
acumulamos agora, de momento a momento.
Formação cármica, tendências e
inclinações cármicas, portanto, dizem mais a respeito ao já feito e acumulado.
Carma fala mais daquilo que você faz com corpo, fala e mente que possui agora.
Assim ou assado, bem ou mal, todos praticamos a nossa Yoga da vida.
Devido à Yoga da vida, passado e
futuro já estão aqui! Eles estão empacotados, potencial, ou latentemente, no
momento presente. Nada está distante ou separado. Tudo que fizemos, as nossas
ações e sementes de ações prévias estão aqui conosco e, consequentemente, todo
um futuro está engatilhado, preparado e apontado neste exato momento.
O disparo ou o movimento dessa Yoga da
existência é ditado pelo modo como a executamos, ou seja, pelas ações (por
apertarmos o gatilho) e pelas circunstâncias que nos cercam. O movimento é
regido pelas ações (carma), pelo modo
como praticamos a nossa Yoga frente à vida. Os pensamentos e o estado mental
que carregamos, assimilamos e adotamos agora, potencializam, criam e originam o
momento seguinte.
Muitas pessoas reclamam de terem
feitos opções erradas no passado, mas, assim como estavam no comando de suas
vidas anteriormente, elas continuam no comando agora também! Temos de nos
conscientizar, definitivamente, de que sempre estivemos e permanecemos com a
mão sobre o leme, enfrentando o mar e as tormentas das nossas vidas. Até mesmo
soltá-lo é uma decisão nossa. Mudar a rota, ou liberá-la, significa assumir o
leme e movê-lo com Plena Consciência.
Certa vez perguntaram ao Buda: “Quem
está mais perdido e cego no caminho, aquele que pratica um mal propositadamente,
ou aquele que o faz sem consciência alguma de tê-lo cometido”? Para nossa
surpresa, o Buda respondeu com singeleza: “Diante das leis dos homens, o
primeiro – que praticou o mal propositadamente – está mais perdido. Diante do
caminho, porém, o segundo – aquele que fez o mal sem consciência. Ou seja,
ambos estão perdidos.
Você só entenderá o significado
completo desta resposta do Buda se compreender o que tem sido dito em nossas
aulas...
Infelizmente, raras são as pessoas que
trabalham na direção de tentar compreender melhor a sua própria Ignorância.
A atitude mais revolucionária a ser
empreendida é, portanto, praticar Meditação e Mente Atenta, pois aquele que
habita o momento presente, sem lamentar o passado e sem ficar ansioso com o
futuro, goza de profunda paz, pois sabe como observar e entender o que está
acontecendo no presente.
O nosso encontro com a vida está no momento presente.
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