A nossa mente está para o nosso corpo
assim como uma bússola está para um navio. Uma boa bússola está sempre coerente
com o fluxo magnético maior, a energia ligada ao planeta Terra como um todo.
Essa é a qualidade básica e verdadeira de uma bússola.
Se olhar com bastante atenção, você
verá que não podemos compreender uma bússola sem levar em conta o universo
inteiro.
É lamentável o modo estreito como as
pessoas, às vezes, olham para si mesmas e para as coisas deste mundo. Elas não
veem, não sentem, não percebem que interexistem com esse planeta, não percebem
que interexistem com as demais pessoas e com a existência exatamente como uma
bússola.
Na verdade nosso corpo é o universo
inteiro. Olhando para um ser humano deveríamos ver, dentro dele, a chuva, o ar,
a terra, as plantas, as montanhas, o rio, o oceano, e também o sol em seu
coração. Essa é uma visão extraordinária e real.
É exatamente essa surpreendente
propriedade, de estar a cada momento perfeitamente conectada com o todo, que
faz a bússola servir de guia para a orientação das embarcações. Isto é muito
interessante! Nós seres humanos, deveríamos ser assim também.
Contudo, se a bússola do nosso barco –
a nossa mente -, por algum motivo imperceptível a nós, for perturbada, de modo
que haja um desvio irregular da agulha magnética, então a bússola perderá a sua
correta direção com o fluxo maior de energia. Pensamos estar no caminho certo,
mas sem perceber vamos abandonando a nossa rota original, harmoniosa e
equilibrada, e adotamos um rumo que nada tem a ver com o fluxo maior e natural.
Nossa mente conduz nossa jornada e a
partir dela são tomadas as decisões com respeito ao nosso destino. Assim,
apesar de completamente iludidos, avançamos confiantes e orgulhosos, empenhados
em nossas tarefas diárias, sem imaginar que tudo isso será completamente
infrutífero, pois estamos nos afastando cada vez mais do nosso verdadeiro
caminho.
Enquanto não despertarmos para o que
de fato está ocorrendo, enquanto não percebermos que o nosso principal
instrumento (a mente) está avariado, viciado, e necessita ser calibrado, nosso
barco perde-se a cada dia mais. Enquanto o defeito não se revela, um imenso
oceano se descortina bem à nossa frente. Misterioso e desafiador, estufamos o
peito, cheios de esperanças, sonhos e medo, mas tudo é apenas ilusão.
Dessa maneira enganosa, nossa mente
perturbada - está lá, a nos (des) encaminhar de momento a momento.
Um dia, um velho e calejado
marinheiro, todavia, cruza o nosso caminho e grita: “Ei, aonde pensam que vão? Há um abismo a frente! Voltem! Corrijam esse rumo, depressa seus imbecis”! Com
certeza, isso nos deixará assustados por uns poucos instantes. Olhamos para a
nossa bússola e através da nossa própria experiência, perícia e habilidade,
acreditamos estar na direção certa. Então só nos resta cair na gargalhada pelo
susto que nos pregou aquele pobre diabo. Vamos dizer, rindo uns para os outros,
que o coitado não sabe mais o que diz. É só mais um daqueles velhos lobos do
mar esclerosados pelo rigor do sol, do sal e da solidão. “Nunca estivemos tão
certos! Ele é quem está doido! Pobre velho, senil e gagá! Imagina: abismo a
frente” hahaha”! damos a ele o nosso
melhor menosprezo, pois não temos consciência alguma da influência danosa sobre
a nossa bússola (a nossa mente).
Todavia, apesar de parecer tão real,
tudo que vivenciamos tem a qualidade de uma grande ilusão. Sem saber, fomos
apanhados e afundamos cada vez mais na armadilha, que nós mesmos vamos
construindo e aperfeiçoando. A cada dia estamos mais longe do nosso destino
original e verdadeiro.
E sem um rumo coerente com o fluxo
maior das coisas, todos os nossos esforços e atos são completamente sem razão
de ser. A verdade é que estamos completamente enganados e perdidos.
É isso o que acontece quando nossa
mente não está operando conectada ao fluxo maior de todas as coisas, coerente
com o planeta. Sem termos consciência, ingenuamente seguimos adiante,
predestinados ao fracasso em nossa jornada.
A verdade maior é que atuamos a partir
de uma visão distorcida e iludida. Ainda temos pouca noção do que estamos
fazendo a nós mesmos e a este mundo – não temos a menor noção de aonde vamos
chegar com nossos pensamentos, emoções e ações.
Sem uma mente conectada ao todo,
seguimos na contra mão do fluxo natural e maior de todas as coisas.
Desconectados da nossa sanidade, tomamos as aparências como se fossem a
realidade última, e o resultado disso é o crescimento constante do nosso
sofrimento.
Enquanto não percebermos e não
removermos aquela influência prejudicial que atua sobre a nossa mente, será
muito difícil acordarmos e abrir os olhos para a realidade.
Por mais perfeito que possa ser o
nosso corpo, por mais que a comida seja saborosa, a água abundante e pura, por
mais confortável e divertida que possa estar sendo a nossa viagem nessa vida,
ainda assim, estamos sem rumo. Quanto mais permanecemos nesse estado, mais nos
afastamos do nosso destino original e, especialmente, do encontro com a nossa
verdadeira natureza.
Sem uma mente ligada à totalidade, sem
uma mente em harmonia (interna e externamente) com todas as coisas e seres, não
chegaremos a lugar algum, muito menos ao nosso tão sonhado destino final: a
sanidade.
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