“Seja
apenas você mesmo”...
Com que frequência já ouvimos essas
simples palavras de sabedoria? Com que frequência as repetimos?
A dura verdade é que na nossa fase de
crescimento a mensagem que ouvimos com mais frequência provavelmente não foi
“seja você mesmo”. As instruções que a maioria das pessoas recebeu durante a
infância e a adolescência foram: “Faça o que as pessoas esperam de você”, ou a
frase que nunca sai de moda: “Faça simplesmente o que estamos mandando você
fazer”. Mensagens como esta reforçaram a nossa tendência a criar uma armadura e
papéis que refletissem as expectativas da sociedade. E nos esforçamos para
satisfazer mais essas expectativas do que para cultivar uma autêntica presença
– nossa verdadeira, original existência no mundo.
À medida que vamos passando pela vida,
muitos de nós nos envolvemos de tal maneira com os papéis que desempenhamos que
deixamos de ver ou perceber a nossa conexão com a nossa verdadeira natureza.
Nós nos esquecemos de quem somos. Nos tornamos o que não somos. Em resumo, os
papéis que representamos criam barreiras que nos mantém afastados da verdadeira
conexão espiritual.
Esse fenômeno é particularmente
verdadeiro quando começamos a acreditar nas nossas histórias, na nossa própria
mentira com relação aos papéis que desempenhamos, criando falsas fachadas que
se tornam rígidas e impenetráveis – o que vai acabar causando danos à nossa
vida pessoal.
Nossos filhos, maridos e esposas, por
exemplo, nem sempre querem se relacionar com o “grande profissional de vendas”
ou com o “homem de negócios realizado”. Eles querem se relacionar conosco – as
verdadeiras pessoas por trás da máscara e da fantasia. Eles querem a nossa
verdadeira pessoa e não nosso desempenho.
Se a busca espiritual é a busca da
verdade, e ela é, o melhor lugar para começar a busca é em nós mesmos. Qual a
nossa verdade? Quem somos nós? Como podemos nos tornar mais autênticos e
verdadeiros?
Como vivemos em um mundo que enfatiza
acima de tudo o estilo, a forma e o desempenho, não é de causar surpresa que
gastemos tanto tempo preocupados com questões de imagem. Somos diariamente
bombardeados por uma enorme quantidade de mensagens que nos lembram que devemos
usar roupas de determinadas etiquetas, dirigir carros de últimos modelos,
praticar as atividades físicas apropriadas e ter o tipo certo de filhos na
escola certa.
É muito difícil nos concentrarmos em
cultivar a autêntica presença enquanto discutimos o mérito de um Toyota com
relação a um Grand Cherokee ou de Ralph Lauren com relação a Calvin Klein,
Pepsi com relação à Coca Cola, ou ainda, os benefícios da cirurgia plástica com
relação à uma dispendiosa viagem de lazer.
Todos somos ocasionalmente culpados de
escolher nossos parceiros românticos e os nossos amigos, baseados na imagem que
eles projetam para o mundo. Nossos julgamentos, bons ou maus, se baseiam no que
vemos externamente. Se vemos uma pessoa dirigindo uma Mercedes, imaginamos que
ela seja rica. Se alguém está carregando uma pilha de livros, pressupomos que
seja um intelectual. Não obstante, todos somos muito mais do que parecemos ser
superficialmente.
Precisamos
diminuir o apego à persona.
Jung disse: “A persona é um acordo
feito entre o indivíduo e a sociedade com relação ao que o homem deve dar a
impressão de ser”.
De acordo com Jung, a persona não é um
reflexo preciso da nossa individualidade. Mais exatamente, ela é uma máscara
que vestimos a fim de cumprir certos papéis sociais – para que fique mais fácil
navegar nas águas da vida.
Ficamos tão preocupados em projetar a imagem correta que
temos medo de ser diferentes ou fazer alguma coisa incomum ou inadequada. Criamos
uma couraça tão espessa que ninguém consegue atravessá-la. Nos sentimos tão
pouco à vontade com as pessoas que parecem diferentes ou agem de um modo
estranho que procuramos evita-las.
Quando tiramos a couraça e nos
livramos das bugigangas da persona, nós também abandonamos o aperto e o apego
do ego. Fazer isso ajuda a nos libertarmos da parte de pensamentos do tipo
“meu” e “para mim” a que todos nos entregamos para fortalecer ainda mais nossas
máscaras – como quando pensamos no “meu carro”, “meu emprego” ou “meu espaço”.
Uma vez mais em vez de procurarmos uma autêntica presença procuramos uma
imagem, segurança e zona de conforto do ego em vez de a verdade e a liberdade.
A
mensagem de hoje é:
A
iluminação (o despertar) é um direito inato de todos nós. A fim de alcança-la,
precisamos nos tornar mais estáveis, permanecer mais em contato com quem e o
que somos – o que realmente somos, não com o que fingimos ser ou com o que a
sociedade e nossos pais nos disseram para ser.
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