14 de jan. de 2015

Ação Correta


Começamos com uma pequena história:
Um dia, perto do final de sua vida, quando Gandhi estava subindo em um vagão de terceira classe, em um trem indiano superlotado, alguns repórteres o alcançaram e perguntaram qual era a sua mensagem. Ele se inclinou para fora da porta do trem e disse: “A forma como vivo minha vida é o meu ensinamento”.
A Ação Correta, a quarta pedra de toque do Caminho Óctuplo, pede a todos nós, buscadores espirituais, para prestar atenção na forma como vivemos nossas vidas. Estamos fazendo o que queremos fazer – nos comportando como desejamos nos comportar? Será que nossas ações demonstram generosidade, paciência, atenção, sabedoria e disciplina? Em resumo, estamos fazendo o que devemos ou estamos fugindo de nossa verdadeira natureza?
A Ação Correta nos ensina que nossas ações são como sementes – sementes cármicas. A sabedoria do senso comum nos ajuda a compreender que sementes de maçã não produzem limoeiros. Quando nos comportamos positivamente, obtemos resultados positivos; quando nos agarramos a valores questionáveis, obtemos resultados questionáveis. Se ferimos os outros, ferimos a nós mesmos; ao ajudarmos os outros, servimos a nós mesmos.
Podemos dizer que a prática da Ação Correta lida com o cultivo da bondade e da virtude, na forma como tratamos os outros; ela trata da criação de harmonia em nosso mundo, em nosso lar, nesta vida, aqui e agora.
A Ação Correta muitas vezes se resume naquele princípio milenar: trate os outros como gostaria de ser tratado. Será que eu e você podemos fazer isso, com um espírito generoso e um coração aberto? Ou será que só Jesus, Buda, Madre Teresa, o Dalai Lama e alguns poucos outros sábios e santos conseguem viver este ideal sublime?
Da mesma forma que o rugido do leão acorda todos os animais na floresta, o Rugido do Darma (ensinamentos do Buda) nos desperta e nos desafia a sermos sábios, mentalmente sãos, amorosos e compassivos, como realmente podemos ser – convida-nos a ser tudo que somos – para despertarmos e sermos fiéis a quem e ao que somos, em todos os dias de nossas vidas – e não só naquilo que pensamos e dizemos, mas também no que fazemos.

Toda a vida de Buda foi impregnada de um forte sentido de missão. Logo após a sua Iluminação, ele observou com o olhar interior a humanidade como um todo – pessoas exaustas e perdidas, necessitando desesperadamente de ajuda e de orientação.
O Buda, então, disse que só ensinava uma coisa, e só isto: “O sofrimento e o fim do sofrimento”. Tendo atingido a Iluminação, ele não ficou sentado usufruindo da paz do Nirvana – o que certamente poderia ter feito. Em vez disso, altruisticamente devotou sua vida a ajudar os outros a se libertarem do sofrimento, através de seus próprios esforços espirituais.
O Dalai Lama escreveu uma vez: ‘A pessoa verdadeiramente religiosa aceita o fato de que é responsável pelos sentimentos agradáveis e desagradáveis que experimenta, sendo estes os frutos de seu próprio carma – fruto de suas próprias ações.
Neste ponto, pense na “vida passada” que estava vivendo há cinco ou dez anos. Pense sobre como as suas ações de então criaram a vida de hoje. Cada um de nós empreende uma jornada pessoal e única, repleta da sua própria complexidade e maravilha. E nesta jornada, sempre teremos diante de nós uma variedade de oportunidades, pequenas e grandes, para viver a Ação Correta. Por isso fique atento a cada momento, a cada respiração, a cada pensamento, a cada sensação que passa pelo seu corpo.
A ética de Buda nos informa que “certo” é o comportamento que ajuda, em vez de prejudicar, comportamento que conduz à libertação do sofrimento e à liberdade.

A Bondade em Ação é a mensagem de Buda

“Não faça nada que prejudique os outros; faça apenas o que é bom; treine e purifique sua mente; este é o ensinamento do Buda; este é o caminho da Iluminação”.

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