Ouça com atenção:
A visão de mundo que temos determina a
direção que a nossa vida vai tomar.
A compreensão correta
nos faz olhar o mundo sem ilusões nem distorções da realidade ou de nós mesmos;
ela nos faz ver rosas onde existem rosas e espinhos onde existem espinhos.
A compreensão correta
enfatiza a sabedoria, que em sua essência significa conhecer aquilo que é,
saber como as coisas funcionam e conhecer a si mesmo e aos outros.
Há 2500 anos, muito
antes de psicólogos começarem a falar sobre “testar a realidade” ou “negação”,
Buda estimulava os buscadores espirituais a conhecerem e compreenderem a si
mesmos; dizia-lhes que olhassem o mundo de forma realista e enxergassem a
verdade do que está acontecendo aqui e agora, em qualquer momento específico ao
longo do tempo.
Ao abrirmos os olhos
da sabedoria, não devemos escolher o que vamos ver. Veremos o que existe. Isto
pode ser desafiador, mas quando nos afastamos das fantasias e enxergamos as
coisas como realmente são, ficamos livres da ilusão e podemos começar a viver
completamente de acordo com a realidade.
Tornando-se verdadeiro...
Você pode ver o mundo
como realmente é? Está pronto a enxergar a si mesmo como realmente é? Estamos
no início de um novo milênio e completamente “perdidos”. “Perdido” é uma
palavra significativa e útil que em algum nível se aplica a todos nós, pelo
menos a uma parte de nossas vidas. Podemos alongar a lista para “perturbado”,
“controlado por fantasias”, “nas nuvens”, mas todos estes termos chegam sempre
as mesmas conclusões.
Será que todos nós
não somos bem pouco realistas, além de escravos de nossas fantasias? Será que
gastamos tempo demais em estados mentais confusos? Será que não estragamos
nossas vidas porque não conseguimos processar a realidade como objetivamente
acontece?
Perceba... Inventamos
histórias para nós mesmos sobre nossas vidas e dizemos aquilo que queremos
ouvir. Ao fazer isso, criamos e perpetuamos fantasias. Precisamos limpar a
poeira de nossos olhos e abrir os olhos da sabedoria interior e descobrir a
visão clara. Ela nos diz que chegou a hora de “nos tornarmos reais”. Ou pelo
menos tão reais quanto possível neste mundo sem substância (saha).
A compreensão correta
nos coloca em contato com alguns conceitos, como por exemplo: Como percebemos a
vida e a morte, a impermanência, o sofrimento, a insatisfação?; Como percebemos
o fenômeno de causa e efeito? Será que realmente acreditamos que colhemos
aquilo que plantamos ou pensamos nisto apenas como mais um clichê? No Ocidente,
geralmente estamos condicionados a deixar de lado estas perguntas sérias,
dizendo a nós mesmos que depois pensaremos nisto. Pois bem, temos que pensar
nisso agora e nossa vida se transformará.
A existência
condicionada (esse mundo imperfeito), como as pessoas experimentam, muitas
vezes significa uma vida de hábitos e compulsões superficiais. Em algum nível,
todos nós vivemos assim. Controlados por nossos padrões psicológicos – nosso
condicionamento interno -, somos reféns de desejos inconscientes e de impulsos.
Ficamos em empregos que detestamos, escolhemos repetitivamente relacionamentos
que nos fazem sofrer. Não sabemos como romper hábitos destrutivos, não sabemos
como alterar padrões mal direcionados; não sabemos como encontrar formas de
existir melhores, mais satisfatórias e mais criativas. Isto é o comportamento
inconsciente e esta é a existência condicionada.
Não importa se o seu
comportamento inconsciente está ancorado em um fato da infância, como pensava
Freud, ou em algo que aconteceu há várias vidas, como sugere a crença budista
no renascimento: o resultado é o mesmo. O que você está fazendo não funciona.
Insatisfação é insatisfação. Inconsciente é inconsciente.
Será que existe
realmente uma diferença entre um tormento psicológico e um espiritual? A
psicologia e o budismo são duas tradições diferentes, com uma verdade em comum;
enquanto você permanecer inconsciente, adormecido enquanto a sua própria vida
acontece, a felicidade verdadeira lhe escapará.
Buda deu um nome à
existência condicionada: samsara. Samsara é a palavra que descreve a roda de
sofrimento que nós perpetuamos ao fazer as mesmas coisas.
Se entendemos que a
causa do sofrimento e da insatisfação é o apego, então é óbvio que o remédio
consiste em soltar. Este é um ingrediente essencial na receita de sabedoria e
iluminação. Por que temos medo de soltar as coisas e deixar a mente natural ser
como é, livre, radiante e alerta? Por que nos prendemos ao passado e resistimos
às correntes renovadoras do agora? Comportamentos neuróticos são muitas vezes
definidos como padrões congelados. É muito terapêutico descongelar nossos
padrões e desenvolver a espontaneidade e a consciência do “que é” - a alegria
do momento presente. Se não se agarrar em nada, você pode enfrentar qualquer
coisa. Isto é sabedoria. Tente agarrar isto, mas com leveza...
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