Já dissemos que nuvens carregadas de
Ignorância geram a falsa noção de um “eu”; geram a identificação com uma
personalidade que foi criada e dada a você pelos outros, ou seja, você se
identifica e sofre com o que, na verdade, não é a sua verdadeira natureza; você
se identifica com algo que não corresponde a Pessoa Real em você.
Mas, continuando... Quando essas
nuvens carregadas de Ignorância surgem, elas se desdobram numa verdadeira
cachoeira de pensamentos que podem se diferenciar em Apego, Aversão, Indiferença,
Orgulho, Inveja e assim por diante.
Quando você interpreta uma sensação
como sendo desagradável, surge a Aversão e você gostaria se possível, de
escapar, fugir delas, ou jamais experimentá-la novamente. E quanto maior é o
Apego envolvido na história, maior é a Aversão, a raiva ou ódio potencialmente
desencadeado ali.
Os pensamentos recorrentes de aversão,
cultivados em nossa mente, provocam e estimulam o ódio, a ira, a raiva, a
cólera, a fúria e todas as consequências nefastas e destrutivas. A energia da
Aversão é, portanto, muito perigosa, extremamente destrutiva e necessita ser
transformada e pacificada ou acabará gerando sempre muita dor, sofrimento e,
sobretudo, grande arrependimento.
A cauda das guerras, da agressão ou
violência, não é a existência da arma em si, mas do cultivo contínuo e
incessante dos pensamentos aversivos na mente e coração do ser humano. Todas as
guerras são travadas, inúmeras vezes, no coração do homem antes de se
materializarem nesse mundo.
O desarmamento, enquanto não acontecer
no interior, no universo sutil e imaterial do coração e mente do homem, jamais
surtirá qualquer efeito duradouro nesse mundo.
É importante observar que nós
atribuímos nossas atitudes e gestos a algo fora de nós, ao inseto, por exemplo,
que “não serve para outra coisa senão nos aborrecer”. Então dizemos que o
mosquito é irritante, a barata é asquerosa, nojenta, a mosca varejeira, nem se
fala, é nojentíssima! E que a função desses animais todos nesse mundo é
simplesmente morrer em nossas mãos, ou melhor, nas mãos dos aversivos puros.
Isto é a nossa energia interna de aversão. O animal, tanto faz qual seja, é só
um espelho onde se projeta e se reflete a nossa própria energia. É assim com a
aversão e com todas as energias que soltamos nesse mundo.
A aversão é uma energia poderosa
dentro de nós. Precisamos tomar consciência dela e aprender a lidar com ela
favoravelmente.
Se somos agressivos, se temos uma fala
e ações agressivas, movimentamos e despertamos essa mesma energia nas outras
pessoas também.
Assim, por causa desse obscurecimento
em nossa mente, este mundo está cheio de violência, agressão, guerras,
exércitos, soldados, policiais, vigilantes, guardas, sentinelas... Todos em
estado de alerta, prontos para entrar em combate.
Enquanto cada ser humano não puder
transformar a sua aversão na sabedoria associada, infelizmente não poderemos
sonhar com a paz ou vê-la amadurecer e florescer neste mundo. E, sem paz, nada
é possível.
Para transformar a nossa Aversão na
sua sabedoria, fazemos a reflexão inicial acerca da desvantagem em se dar vazão
a raiva, ao ódio, a ira que estivermos experimentando. Quando escolhemos agir
motivados por essas emoções certamente não obteremos resultados positivos, pois
elas “cegam” uma das nossas melhores qualidades como seres humanos: a nossa
racionalidade. Agindo com Aversão, não vemos claramente as consequências dos
nossos atos, e isto pode representar grande arrependimento, dor e sofrimento. A
Aversão é uma energia imprevisível e extremamente perigosa, destrutiva. Se ela
não for amenizada enquanto ainda for controlável, sua explosão pode causar
muito sofrimento.
Agir com Aversão, seja através do
corpo, da fala ou mesmo dos pensamentos, é a causa de incomensurável dor,
sofrimento e arrependimento. Mesmo apenas pensar o mal de outros ou cultivar pensamentos
muito negativos, acionará a causa da falta de paz na mente, ou de se
experimentar estados mentais negativos, de constante lamentação e tristeza.
Aquele que comete o mal se lembra
disso por toda a vida. Aquele que faz o bem, idem. Por isso, refletimos sobre a
grande vantagem e resultado mais adequado de não agirmos motivados pela nossa
Aversão. Estaremos, assim, sempre conscientes das consequências dos nossos atos.
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