Observe a sua respiração, aquiete a
mente e relaxe...
O bem estar e a paz mental, a sublime
paz na mente de que tanto necessitamos para sermos felizes não provém dos bens
que recebemos ou acumulamos, mas do bem que, incondicionalmente, fazemos e
dedicamos aos outros – o bem mundano, por maior que seja não sacia, mas na
verdade ansia.
Além de uma paz e alegria momentâneos,
o bem mundano inquieta, preocupa. Por outro lado, faça o bem, por menor que
seja, e um efeito maravilhoso acontece: você é quem se sentirá radiante,
exultante por dentro, como se flutuasse nas nuvens. E será uma sensação
permanente, gravada por dentro. Ela alivia e pacifica. Você não sente falta de
mais nada e uma profunda calma invade todo o seu ser. A paz, por conseguinte,
só é alcançada através da prática do bem ao próximo.
O apego, todavia, nos faz buscar
apenas o bem que egoisticamente nos interessa, o qual desejamos ter em nossas
mãos, sob o nosso poder e domínio. Assim, a energia de hábito do apego,
perturba a mente deixando-a fraca e doente.
O apego, portanto, pode nos trazer um
tipo de felicidade muito efêmera, passageira, mas que desemboca, logo em
seguida, na insatisfação, na perturbação, na depressão, na ansiedade e na
agitação ou loucura, além de prejudicar, a longo prazo, todos os demais seres.
Através do apego, desejamos e desejamos,
o tempo todo, coisas e pessoas. E nossa mente fica completamente sedenta e
miserável.
Em outras palavras, se quisermos
efetivamente pensar em nossa própria felicidade, deveríamos, em primeiro lugar,
pensar um pouco mais na felicidade dos demais seres! Ao invés de estar sempre
pensando no “quanto vou ganhar com isso”?, devemos nos perguntar: “Como posso
contribuir”?
Veja que esta energia – hábito do
apego – sempre envolve movimento, velocidade, aceleração... Vemos motoristas
dirigindo potentíssimas máquinas insanamente, ultrapassando todos os limites da
racionalidade e, aos milhares, encontrando uma morte gratuita no trânsito.
Movidos pelo excesso dessa energia, por sensações viciantes de poder, busca de
prazer, desafio e adrenalina, eles têm pressa de chegar e, de fato, muitos
deles conseguem... Infelizmente, não raro, levando inocentes consigo.
Globalmente, a humanidade marcha com
velocidade crescente para a sua auto destruição. Desejando viver mais,
abreviamos a vida. Querendo tudo, nos sentimos miseráveis. Assim é o apego.
Sacrifica tudo, todos e nós mesmos, em nome de uma ânsia particular.
Buda observou que a humanidade age
como uma criança pequena que encontra um pote de mel no bosque e, ansiosa por
prová-lo, corre para casa. Com os olhos arregalados no pote de mel, ela não vê
a vala na qual despencará ao chão, machucando-se e quebrando o pote. Toda
pressa é manifestação do apego.
O antídoto para o apego, como imagina
ou acredita a maioria, não é o desapego – o extremo oposto dotado da mesma
energia, mas a superação, a dissipação da sua causa, ou seja, a eliminação da
nossa ignorância. Sem a dissipação da ignorância – da falta de atenção ou
inconsciência – em nossa mente, não podemos nos libertar do apego.
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