Neste momento, olhe pra dentro e
absorva-se em si mesmo.
Se além de ir para dentro nesse exato
momento, você fosse capaz de despertar o seu Buda adormecido, o que
encontraria?
No seu coração, no meu, e de todas as
criaturas - grandes e pequenas -, existe um brilho interno que reflete a nossa
natureza essencial, que é sempre positiva.
Os tibetanos se referem a esta luz
interior como brilho puro ou luminosidade inata.
Quando estamos prontos para ouvir
sobre essa sabedoria, quando estamos dispostos a refletir sobre seus profundos
ensinamentos e verdadeiramente comprometidos com a prática dessas lições,
fazendo o nosso melhor no dia a dia, podemos atingir essa luminosidade inata.
Chegaremos, enfim, ao âmago do
despertar – a iluminação.
Iluminação significa um fim para o
vagar sem destino pelas transições ilusórias da vida e da morte. Significa que
você encontrou o seu Ser autêntico. E como esse Ser autêntico se sente? Totalmente confortável, em paz, à vontade em cada situação e em qualquer
circunstância, com uma sensação de verdadeira liberdade interior, sempre
independente das condições externas e das emoções internas.
Despertar o Ser autêntico e permanecer
desperto exige grande autoconhecimento. Significa prestar atenção, momento a
momento, em como se pensa e age, e também um compromisso contínuo com a busca
interna por respostas... Para dentro... Mais fundo... Por baixo da superfície
das coisas, e não apenas dentro de você mesmo.
Como ocidentais, fomos condicionados a
pensar de forma diferente. Estamos sempre procurando as respostas do lado de
fora. Esperamos que amantes, amigos, pais, autoridades e até mesmo filhos
preencham necessidades nossas que eles não têm a menor possibilidade de suprir.
Temos fantasias sobre romances,
carreira, amizades, aventuras. Estamos cheios de fantasias sobre o passado e o
futuro. Muitas vezes não queremos soltar estas fantasias porque temos medo de
que, se fizermos isso, estaremos desistindo da vida.
Mas não é assim que funciona. Na
verdade, expectativas pouco realistas diminuem a alegria do momento atual.
Tendemos a pensar principalmente em
termos de gratificação de nossos desejos e de assegurarmos nosso lugar no
mundo; fomos condicionados a colocar a ênfase primária na personalidade ou como
parecemos aos outros. Nossos discursos estão cheios de frases sobre como
projetar uma boa imagem. Todos nós buscamos segurança, bem estar e certezas.
Levamos esse tipo de lógica ainda mais
adiante, quando reduzimos a vida a uma contínua competição. Treinados e
condicionados a acreditar que a vida é uma questão de realizações, que se trata
de vencer, perder e se afirmar, não é de se espantar que tantos de nós se
sintam alienados, sozinhos, esgotados, céticos e sem esperanças.
Esses ensinamentos viram pelo avesso
nossas atitudes sobre vencer e se dar bem. As tradições nos dizem que podemos
desacelerar, respirar e nos voltarmos para dentro. Adquirir domínio sobre nós
mesmos é chegar em casa, chegar ao centro do ser.
Vamos deixar bem claro que não quero
ninguém endurecendo o coração. Não vamos nos isolar e nem nos tornar puritanos
que se acham melhores que os outros. Ao sentar para meditar não vamos ficar
rígidos, como estátuas inertes de Buda. A plenitude espontânea conhecida como a
natureza de Buda está sempre aberta e fluindo. Não estática – parada, mas
extática (com x) – cheia de êxtase.
Trilhar um caminho interior também não
é como um culto, nem uma fé cega. Diz respeito à liderança verdadeira, à
personificação dos mais elevados princípios da verdade – não se trata de seguir
o rebanho como um cordeiro.
Despertar o Buda interior é abandonar
a personalidade fixa e se tornar desperto, liberado e consciente.
Embarcar no caminho espiritual
significa abandonar as correntes superficiais e penetrar nas águas profundas da
verdadeira sanidade.
Aqui, nós não estamos apenas nadando
contra a corrente, mas sondando as águas profundas do Ser para uma religação
com nossa verdadeira natureza. E como começamos? Um passo de cada vez... De
onde você está, nesse exato momento, mas com plena atenção em como você pensa e
age.
por Lama Surya Das
por Lama Surya Das
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