A vida espiritual
sempre foi uma busca por significado e por respostas para as duas perguntas
existenciais: ‘Quem sou eu”? e “Por que eu sou”? A procura pela verdade, pela
autenticidade pessoal e pela realidade são os alicerces do caminho espiritual.
Muitas vezes os
caminhos da vida nos parecem confusos e, quando pensamos em nossas vidas e
nossas experiências, temos certeza de que de alguma forma tudo isso faz
sentido, mas muitas vezes perece existir problemas demais e caos demais –
achamos que nunca conseguiremos arrumar a desordem. Não sabemos por que é
assim, mas em algum nível temos certeza de que somos responsáveis por nosso
destino.
Aqueles de nós
que empreendem caminhos espirituais têm motivos diferentes. Alguns querem
conhecer aquilo que não pode ser conhecido pelo uso da razão ou inteligência;
outros querem conhecer a si mesmos. Algumas pessoas desejam transformação;
outras querem milagres. Muitas desejam aliviar o sofrimento, ajudar os outros e
fazer do mundo um lugar melhor. Perceba, a maioria procura amor e realização,
de uma forma ou de outra.
Todos nós
desejamos paz interior, aceitação, satisfação e felicidade. Todos nós queremos
remédios verdadeiros para os sentimentos de desespero, alienação e
desesperança.
Muitos podem ter
procurado sentido em relacionamentos que fracassaram, ou podem ter se frustrado
em uma carreira que não ofereceu as recompensas esperadas. E você pode se
perguntar: Esta é realmente a minha vida? Não há nada mais?. Quando começa a
minha vida real? Não existe uma conexão maior, um propósito mais profundo, um
sentimento de verdadeiramente pertencer a alguma coisa? Por que a vida parece
tão estéril e solitária, e por que existe tanto medo, dúvida e ansiedade em meu
coração?
Talvez você
sinta às vezes uma enorme saudade de casa, uma tristeza, uma sensação de que
algo está muito errado. Talvez experimente isso como um anseio por alguma coisa
perdida, talvez um sentimento de que nada realmente vai satisfazê-lo
plenamente. Alegre-se! Você está vivendo as questões centrais com que todo ser
humano consciente se defronta. E isto não é algo insignificante – é o Grande
Momento, o grande caminho percorrido por todos os que despertaram para a liberdade,
a paz e a iluminação.
Os homens e
mulheres que trilham este caminho são tradicionalmente chamados de
“buscadores”. Quando escuta estas palavras, você está consciente de sua jornada
e compreende o que está buscando? Você está pronto para encontrar o que busca? É bem provável que, sendo um buscador, você esteja acostumado à auto observação
e ao auto questionamento. Talvez já tenha uma prática espiritual ou uma fé
religiosa, e precise apenas de direcionamento para ajuda-lo a seguir a diante.
A busca do
significado mais profundo sempre foi considerada uma qualidade humana
admirável.
Os buscadores,
sempre curiosos em relação ao desconhecido, podem desejar saber mais sobre
levitação, morte consciente, sonhos lúcidos, viagem astral, corpos de luz ou
clarividência. Entretanto, não é disto, em última análise, de que se trata esse
Caminho.
O mágico, o
misterioso e o oculto são efeitos especiais, que podem ser produzidos, mas não
são o que importa. O milagre desse Caminho, é um milagre de amor, não de
levitação ou contorcionismo. A meta do Caminho é a iluminação, não a viagem
astral. A meta é o caminho, o viver de uma forma desperta, atenta, consciente.
Quando as
pessoas me perguntam sobre iluminação, diz o Lama Surya Das, quase sempre
respondo dizendo que não é o que pensamos. A iluminação é um processo
misterioso, não diferente de Deus, verdade ou amor. Nenhuma definição é grande
o bastante para abrangê-la. Cada experiência é única- como cada pessoa é única
também.
A iluminação –
quer nós chamemos de despertar espiritual, liberação, iluminação ou satori –
significa uma profunda transformação interior, uma auto realização.
Na verdade,
existem graus diferentes e profundidades para a experiência da iluminação,
desde uma visão momentânea da realidade até a realização final do estado de
Buda, a forma mais completa de iluminação.
Ao analisar a
experiência arquetípica (modelo ideal, inteligível, da qual se copiou toda
coisa sensível) do Buda, vemos que sua iluminação representa uma realização
direta da natureza da realidade – como as coisas são e como elas funcionam. A
iluminação é o fim da ignorância.
Quando falamos
em trilhar o Caminho da Iluminação, estamos falando sobre trilhar o caminho
compassivo de um viver esclarecido. O mestre zen Dogen disse: “Ser iluminado é
ser uno com todas as coisas do universo”.
Hoje em dia,
permaneço firme em minha convicção de que a iluminação é uma possibilidade real
para cada um de nós. Os tibetanos contam histórias de mosteiros e também
províncias inteiras onde todos os habitantes se tornaram iluminados através das
práticas espirituais.
Para terminar uma
linda oração tibetana: Que todos possamos chegar ao Buda interior e despertar
para quem e para o que realmente somos.
por Lama Surya Das
por Lama Surya Das
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