7 de jun. de 2014

Desconstruindo a casa que o ego construiu I


Certa vez, Buda estava na floresta, sentado meditando, quando um bando de camponeses veio até ele. O agitado grupo consistia em alguns casais e um solteiro rico.
Parece que na noite anterior o solteiro rico havia convidado sua cortesã favorita para passar a noite com ele, mas enquanto ele dormia, a mulher encontrara o dinheiro escondido debaixo da cama. Ela pegou o dinheiro e fugiu. Quando o homem acordou e descobriu o que tinha acontecido, juntou alguns amigos e vizinhos e começaram a perseguição.
Foi assim que o grupo esbarrou no Buda. Excitado por ter encontrado o Buda – o Ser Desperto, o homem solteiro contou a história toda a Buda e pediu para ouvir sua sabedoria.

E Buda fez a seguinte pergunta retórica:
“Em vez de andar sem rumo por esta floresta perigosa, procurando uma mulher e algum dinheiro, não seria muito melhor se você procurasse o seu verdadeiro eu?

É muito provável que hoje em dia, o Buda fizesse a mim e a você a mesma pergunta que havia feito ao solteiro rico:

“Em vez de andar sem rumo por esta perigosa floresta de concreto, procurando poder, sexo, posição social e algum dinheiro, não seria muito melhor se você procurasse o seu verdadeiro eu?
Esta pergunta significa a mesma coisa hoje do que naquela época, não é mesmo? E você provavelmente diria: “O que está querendo dizer”? E a sua pergunta poderia ser válida, porque talvez você não soubesse onde e como começar a sua busca.

Como procurar o meu verdadeiro eu¿ Onde devo ir? Por onde começo?
Esta é a grande questão da maioria dos buscadores, especialmente aqui no Ocidente. Pode ser muito frustrante e solitário tentar iniciar e desenvolver um caminho espiritual dentro do contexto da ocupada vida contemporânea.
Então, como se começa? Talvez seja reconfortante saber que os primeiros passos hoje em dia são os mesmos de há 2500 anos.

Primeira coisa: reconheça que o despertar é uma possibilidade real.
O Buda, por exemplo, foi uma pessoa histórica real. Ele nunca afirmou, de nenhuma maneira, que era divino ou que vinha de outro mundo.
Buda nasceu um homem, não um deus. Devido a sua prolongada investigação sobre a natureza da realidade, do eu e do mundo, ele chegou ao Despertar – a Iluminação. E esta iluminação não aconteceu devido à intervenção de forças externas, místicas ou sobrenaturais.
O Caminho do Buda, o Caminho que ele ensinou, é o caminho da racionalidade, que enxerga com clareza; é o caminho da realidade; é o caminho do exame crítico e da investigação prolongada sobre a natureza da vida. A fé cega e a devoção sozinhas não conduzem à liberdade nem à iluminação, por mais úteis que possam ser em um determinado estágio do caminho.
O Buda nasceu um ser humano não muito diferente de você ou de mim. Por seus próprios esforços, após um árduo trabalho feito sobre si mesmo, ele conseguiu chegar à consciência perfeita e ao autoconhecimento.
As implicações disto são extraordinárias: Se o Buda pode chegar à iluminação, então nós todos podemos. Se o Buda pode conhecer a verdade das coisas como elas são, então nós – você e eu – também podemos conhecer a verdade das coisas como elas são. Cada um de nós é dotado de uma natureza búdica luminosa que é o potencial para chegar à iluminação desperta.
Gigantes espirituais são considerados heróis no Tibete, onde os nomes que são lembrados não são os de atleta, políticos ou atores de televisão e cinema.
Da mesma forma que uma criança ocidental cresce achando que é possível se tornar presidente, ator ou jogador de futebol, as crianças do Tibete crescem acreditando que é possível chegar à iluminação.
A sabedoria secreta do Tibete diz que qualquer um é capaz de purificar suas negatividades e obscuridades, aperfeiçoar sua compreensão e praticar a compaixão universal.


Então, a mensagem que fica hoje é: Realize a sua natureza de Buda, sua perfeição inata – essa perfeição já existe em você -, e você também atingirá a iluminação.

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