Uma
mensagem clara e simples...
É da natureza da vida que todos os
seres experimentem dificuldades, mas através de uma vida esclarecida pode-se
finalmente transcender estas dificuldades e chegar à realização, à libertação
das condições que fazem a vida infeliz, e ser livre.
A vida é difícil; e a vida é difícil
por causa do apego; mas a possibilidade da libertação das dificuldades existe
para qualquer pessoa; e o meio de obter esta libertação, e também o despertar
da consciência, é levar uma vida compassiva, cheia de virtude, sabedoria e
meditação.
A mensagem básica do Buda (Darma) é
justamente que existe uma possibilidade real de um renascimento espiritual e do
final do sofrimento.
O Darma não ensina que tudo é
sofrimento. Ele diz que a vida, por natureza, é difícil, cheia de problemas e
imperfeita. Quem entre nós tem uma vida perfeita? É claro que todos nós
gostaríamos de viver uma vida maravilhosa o tempo todo. Mas não vai acontecer.
Esta é a natureza da vida e é a primeira Nobre Verdade - que todos vamos
experimentar altos e baixos na vida, não importa quem sejamos. É parte do
passeio na montanha russa.
Para a maioria de nós, o grande
desafio é o apego aos valores materiais. Colocar esses valores em perspectiva é
uma parte essencial de seu caminho para a liberdade.
Olhe profundamente e veja através dos
véus da ilusão, reconheça quem e o que você realmente é, e descubra a verdade
das coisas como elas realmente são.
Perceba... Não é possível conseguir
sempre o que se quer, e isto faz a maioria das pessoas infeliz pelo menos uma
parte da vida. Como você nasceu, mais cedo ou mais tarde vai experimentar dor
física ou emocional. Nascimento, envelhecimento, doença, desgostos e
desapontamentos são coisas que acontecem a todos nós. E nem tudo isto é ruim.
Podemos aprender muito com as dificuldades, grandes e pequenas, por que
passamos. Os problemas cotidianos nos ensinam a ter uma atitude realista. Eles
nos ensinam que a vida é o que é: imperfeita, mas com um enorme potencial para
a alegria e satisfação.
Em uma passagem, Buda diz que estamos
todos no fogo das paixões descontroladas, que consomem e dominam as nossas
vidas. Por causa destas paixões, somos como crianças cujas casas estão
queimando. Não temos a maturidade ou o domínio de nós mesmos para reconhecer a
gravidade de nossa situação e rapidamente apagar o fogo. Precisamos crescer e
aprender como ser adultos maduros e liberados, que compreendem a natureza da
realidade – os casos de amor não vêm com garantias, e todos nós temos que ir ao
dentista. Todas as coisas na vida ou funcionam mal, ou não são confiáveis, ou
são de pouca importância.
A maturidade traz a compreensão, o
discernimento, a responsabilidade, a moderação, o caráter e o equilíbrio.
Minha estação favorita do ano é o
outono; minha hora do dia favorita é o pôr do sol. Estes são lindos momentos,
porém passageiros. E isto é verdadeiro em relação a quase todos os mais belos
momentos de nossa vida. É claro que existem momentos em que somos envolvidos
pela alegria suprema de estar vivos.
Pense em sua vida... Talvez na noite
de ontem você tenha ouvido uma linda peça musical; talvez tenha tido uma
excelente conversa com seus amigos enquanto compartilhava uma deliciosa
refeição, talvez tenha sido promovido no trabalho. Estes são momentos de
verdadeira felicidade.
A dificuldade que todos nós
enfrentamos, é que estes momentos não duram: a música termina, seus amigos se
divorciam, o novo emprego que você queria tanto vira uma máquina de produzir
dor de cabeça e os momentos de amor e de êxtase são esparsos e rápidos – nada
que é bom dura para sempre.
Quando paramos e olhamos para o nosso
interior – quando nos perguntamos quem e o que somos, e o que está acontecendo;
quando nos perguntamos quem está vivendo a nossa vida – o que encontramos? Quem
sou eu? O que sou eu? Onde está aquele que experimenta? Está em minha cabeça? Em meu cérebro? Em meu coração? Minhas pernas? Meu corpo¿?Minha mente? O que
encontramos? O que somos, uma realidade?
Somos algo que está sempre em mutação
– um aglomerado composto de forma, sentimentos, percepções, intenção e
consciência -, e não os indivíduos eternos e com existência independente que
presumimos ser.
Nossos corpos têm uma vida útil
limitada, são impermanentes e mutáveis. Isto não é um dogma religioso, é apenas
a forma como as coisas são. Sendo efêmeros, nossos corpos terminam sendo pouco
satisfatórios.
Nossos sentimentos certamente são
efêmeros, e também nossas percepções. O mesmo se aplica às nossas intenções. Os
estados de consciência mudam o tempo todo. Na verdade, nós somos uma obra em
andamento. Quer gostamos disso ou não, nunca permanecemos iguais.
Os ocidentais usam a palavra “mente”
como uma definição básica do eu. “Penso, logo existo”. Mas você não é o que
pensa; como o clima, aquilo que se pensa é imprevisível e sujeito a mudanças.
Devido a esse fato, a mente não treinada também é essencialmente não confiável
– pensamentos e sentimentos não têm durabilidade. Além do mais, se eu penso -
logo existo, o que e quem é você, quando não está pensando, naquele breve
instante entre dois pensamentos? Será que cessamos de existir
intermitentemente?
Por outro lado, a nossa natureza
búdica (desperta) inata – que não pode ser descrita em palavras e que provoca
grande prazer e contentamento, não é impermanente, não muda. É perfeita,
inerentemente sábia, calorosa, livre e completa. Realizar este núcleo luminoso
é aquilo que chamamos de Despertar (Iluminação).
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