O
que é o coração de um Buda e como pode ser despertado em nós?
O coração de um Buda é o nosso eu mais
terno, mais compassivo, mais carinhoso. (Também chamado Bodhicitta para os
tibetanos) Ele palpita dentro de cada um de nós e pode ser despertado mediante
associações significativas – ligações com nossos familiares, nossos vizinhos,
colegas de trabalho; ligações com a sociedade e com todos os animais vivos,
inclusive nós mesmos.
Então vamos aceitar esse fato.
Precisamos uns dos outros. Temos a necessidade de sentir que existe uma
associação; precisamos sentir a presença e o amor uns dos outros.
As mais antigas escrituras da Índia
dizem que somos parte de uma rede universal de luz. Cada um de nós é uma joia
brilhante, que reflete e encerra a luz do todo. Todos em um. Nunca estamos
separados do todo.
Não obstante, em algum momento, quase
todos nos sentimos desligados desse conhecimento do nosso lugar na grande rede
da existência. Perdemos de vista o lugar a que pertencemos e, em vez disso,
vivenciamos intensos sentimentos de solidão, alienação e confusão. O buscador
espiritual tenta encontrar o caminho de volta ao lugar que ocupamos no todo. É
uma jornada de volta ao que realmente somos.
Madre Teresa de Calcutá disse: “O
maior problema que o mundo enfrenta hoje não são as pessoas que morrem nas ruas
de Calcutá nem a inflação, mas sim a carência espiritual... O sentimento de
vazio associado à sensação de estar separado de Deus e de todos os nossos
irmãos no planeta Terra”.
Madre Teresa estava se referindo á dor
associada a sentimentos de isolamento e separação. Mesmo quando estamos
cercados por pessoas que conhecemos, podemos nos sentir separados e isolados.
Poderíamos perguntar, separados de quê¿ Separados dos outros, separados de nós
mesmos, separados do Divino, separados do significado, separados do amor.
Separados da sensação de que pertencemos a algo.
A promessa da vida espiritual é que
seremos capazes de curar esses sentimentos através do amor - essa ligação
essencial de todos os seres.
Não precisamos todos sentir a luz e o
calor que emanam dos outros? Todos nós não queremos o amor verdadeiro? Todos
nós não temos sede de uma comunicação genuína e de ligações mais autênticas?
Quando nossos relacionamentos são
superficiais, sentimos que estamos levando uma vida superficial; quando nossos
relacionamentos refletem um compromisso e aspirações maiores, sentimos que
estamos percorrendo um caminho mais significativo e satisfatório.
O amor surge através do
relacionamento. É por isso que precisamos nos ligar uns aos outros.
A meta interior da vida espiritual é
alcançar a pureza inata e a perfeição essencial existente em cada um de nós.
Através do trabalho interior, realizamos a verdade, a sabedoria, a clareza e a
paz da mente - mente que está latente em cada um de nós.
Já a meta exterior da vida espiritual
se expressa na maneira como nos sentimos com relação aos outros, como os percebemos
e também na forma como os tratamos.
O que isso significa hoje, para nós,
na vida que vivemos em casa, no trabalho ou no shopping? Na qualidade de
buscadores, como podemos crescer espiritualmente junto com as pessoas que são
importantes para nós? Como podemos compartilhar a meditação, o silêncio, a
música e a prece com aqueles que amamos? Como podemos enriquecer
espiritualmente todo relacionamento?
O que podemos aprender com aqueles que
amamos e com aqueles que não amamos? Buda dizia que todos os nossos vínculos
são sagrados.
Quando na qualidade de buscadores,
começamos a nos religar mais profundamente ao nosso coração amoroso – nosso
centro espiritual – começamos a compreender melhor a profunda sabedoria e
percepção intuitiva que são uma parte natural de cada um de nós.
A inteligência espiritual nos confere
a sabedoria de enxergar o relacionamento entre o todo e suas múltiplas partes,
o um e o muito, o ordinário e o extraordinário, o mundano e o divino, a luz e
sua sombra.
A
mensagem de hoje é que:
Quanto mais cultivamos nossa
inteligência espiritual inata, mais nos conscientizamos e nos tornamos
intuitivamente sensíveis ao que as pessoas que nos cercam veem e sentem. O
cultivo de um discernimento espiritual mais desenvolvido possibilita que nos tornemos
melhores parceiros, melhores pais e melhores amigos, além de aprofundar a nossa
sabedoria interior e compaixão.
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