Hoje
falaremos sobre verdade e consequência.
Certa vez O Buda disse: Não menospreze as boas ações
muito pequenas, pensando que não trazem benefício; até as minúsculas gotas de
água acabam enchendo um vaso enorme. Da mesma forma, Não menospreze as más
ações simplesmente por serem pequenas; por menor que seja, uma centelha pode
incendiar uma pilha de feno do tamanho de uma montanha.
Então
vamos lá...
O budismo não acredita em um Deus para
recompensar o bem e punir o mal. Pelo contrário, o budismo baseia-se na ideia
da lei e da responsabilidade universal. Isso se chama “carma” ou lei de causa e
efeito.
A lei da causalidade explica que para
cada ação há uma reação, ou seja, colhemos o que plantamos. Jogue um copo de
vidro no chão: ele se quebra; puxe um fio: a trama se desfaz; acaricie um cão
amigo: ele balança o rabo em retribuição; alimente um bebê: ele cresce; ajude
um vizinho a se mudar: você conquista confiança na sua capacidade de dar. E
quanto mais der, mais receberá.
Perceba... A lei do carma nos ensina
que podemos ter fé na nossa capacidade de influenciar nossa própria vida e a
vida de outras pessoas.
Acreditamos que ao fazer o bem,
acumulamos méritos que afetam nosso destino. Você é o seu próprio senhor; tudo
depende de você mesmo. Isso significa que o prazer e a dor provêm de atos
virtuosos e não virtuosos que não vem de fora, mas de dentro de você mesmo.
O modo como nos conduzimos num
universo de causa e efeito determina o nosso destino cármico. Não se esqueça:
carma é causa e efeito, ou, como prefiro dizer, verdade e consequência. Quando
nos comportamos de forma a revelar sabedoria, razão e compaixão, abrimos as
portas para uma vida melhor – e um carma melhor. Nosso carma torna-se, assim,
nosso Darma – nosso destino, nosso dever, nossa expressão da verdade que
conhecemos e vivemos.
A razão fundamental da meditação, por
exemplo, é que ela nos ajuda a desenvolver uma consciência mais clara e
reveladora da realidade e do que está acontecendo à nossa volta. Cultivar esse
tipo de consciência significa que haverá menor probabilidade de sermos vítimas
de circunstâncias externas ou vítimas de nossas próprias reações
semiconscientes; seremos capazes de perceber e de nos libertar do
condicionamento cármico.
A consciência semelhante a um espelho
é uma resposta sensata a qualquer tipo de situação ou estímulo, porque nos abre
e nos dá espaço e clareza para ver as coisas com objetividade antes de
reagirmos. Assim descobrimos que temos opções e ficamos mais capacitados para
nos livrar das reações automáticas condicionadas.
As leis do carma são realmente muito
poderosas. Podemos sempre tomar conhecimento de ventanias emocionais e
psicológicas que sopram de eventos e experiências passadas, mas, mesmo assim, o
modo como vamos navegar nesses ventos pode fazer muita diferença. Por mais
forte que tenha sido o nosso condicionamento, não precisamos passar a vida
perpetuando esses hábitos.
Isso é uma questão de atenção
consciente. Criar novos hábitos é a melhor maneira de trabalhar com o carma.
A lição mais importante que os
buscadores podem aprender dos ensinamentos deixados por Buda sobre o carma, é
que se cria carma novo à todo momento. Shambava dizia: “Se você quer conhecer
sua vida passada, examine a sua condição presente; se quiser conhecer seu
futuro, examine seus atos presentes”.
A sabedoria assinala que não existe
acaso. O aquecimento global, por exemplo, não é acidental; todos nós temos
participação nele.
Mas Buda ensinava, porém, que não
importa o que fizemos no passado; nós determinamos nosso futuro e podemos
fazê-lo com uma intencionalidade mais consciente.
É claro que é difícil alterar nossos
próprios hábitos e costumes carmicamente condicionados. Ninguém disse que
deveria ser fácil. Estamos tão congelados e acostumados ao nosso próprio modo
de viver e de nos relacionar que caímos numa rotina, neurótica ou não, e
esquecemos que existem inúmeras maneiras de agir e ser.
Qualquer pessoa que já tentou alterar
o comportamento sabe como é difícil. A modificação bem sucedida do
comportamento requer intenções positivas combinadas com determinação, vontade,
força, perseverança, consciência e caráter.
Se quisermos nos encaminhar para um
futuro melhor, talvez o melhor a fazer seja começar a cultivar uma consciência
mais plena de como criar um melhor destino cármico na nossa vida.
Pergunte a si mesmo: o que posso fazer
hoje para altera o meu carma amanhã? Escolha alguma coisa em sua vida que não
esteja como deveria e comece a trabalhar nela. Existem muitas formas de carma –
físico, emocional, familiar, comunitário, sexual. Você pode modificar o carma
dos relacionamentos com seus entes queridos comportando-se de outra forma; na
próxima refeição você pode alterar o seu carma físico ao comer de outra forma.
Mestres tibetanos diziam que a melhor
maneira de melhor o carma é estimar, preservar e proteger todas as formas de
vida. Agindo assim, cultivamos a gentileza, a nobreza e a generosidade da alma.
A
mensagem que fica...
Sempre que reprimimos nossos hábitos
não saudáveis ou ruins melhoramos nosso carma; sempre que somos material,
emocional ou espiritualmente generosos com o próximo, melhoramos nosso carma;
sempre que prezamos ou preservamos a vida, melhoramos nosso carma. E sentimos o
resultado imediatamente pelo modo como nos sentimos conosco mesmos.
As práticas da Plena Consciência,
Plena Atenção nos ajudam a prestar mais atenção nas implicações e nos resultados
dos nossos atos.
Então, não se deixe derrubar; não
recorra ao seu comportamento habitual de fuga, fundamentalmente insatisfatório.
Não se jogue como um saco de batatas na rotina da sua zona de conforto. Pelo
contrário, vá até a janela, relaxe, respire um pouco e sorria, se puder.
Inspire, acalme e relaxe a mente. Expire, soltando-se e sorrindo, de novo e de
novo e de novo.
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