10 de mai. de 2015

Verdade e consequência



Hoje falaremos sobre verdade e consequência.
Certa vez O Buda disse: Não menospreze as boas ações muito pequenas, pensando que não trazem benefício; até as minúsculas gotas de água acabam enchendo um vaso enorme. Da mesma forma, Não menospreze as más ações simplesmente por serem pequenas; por menor que seja, uma centelha pode incendiar uma pilha de feno do tamanho de uma montanha.

Então vamos lá...
O budismo não acredita em um Deus para recompensar o bem e punir o mal. Pelo contrário, o budismo baseia-se na ideia da lei e da responsabilidade universal. Isso se chama “carma” ou lei de causa e efeito.
A lei da causalidade explica que para cada ação há uma reação, ou seja, colhemos o que plantamos. Jogue um copo de vidro no chão: ele se quebra; puxe um fio: a trama se desfaz; acaricie um cão amigo: ele balança o rabo em retribuição; alimente um bebê: ele cresce; ajude um vizinho a se mudar: você conquista confiança na sua capacidade de dar. E quanto mais der, mais receberá.
Perceba... A lei do carma nos ensina que podemos ter fé na nossa capacidade de influenciar nossa própria vida e a vida de outras pessoas.
Acreditamos que ao fazer o bem, acumulamos méritos que afetam nosso destino. Você é o seu próprio senhor; tudo depende de você mesmo. Isso significa que o prazer e a dor provêm de atos virtuosos e não virtuosos que não vem de fora, mas de dentro de você mesmo.
O modo como nos conduzimos num universo de causa e efeito determina o nosso destino cármico. Não se esqueça: carma é causa e efeito, ou, como prefiro dizer, verdade e consequência. Quando nos comportamos de forma a revelar sabedoria, razão e compaixão, abrimos as portas para uma vida melhor – e um carma melhor. Nosso carma torna-se, assim, nosso Darma – nosso destino, nosso dever, nossa expressão da verdade que conhecemos e vivemos.
A razão fundamental da meditação, por exemplo, é que ela nos ajuda a desenvolver uma consciência mais clara e reveladora da realidade e do que está acontecendo à nossa volta. Cultivar esse tipo de consciência significa que haverá menor probabilidade de sermos vítimas de circunstâncias externas ou vítimas de nossas próprias reações semiconscientes; seremos capazes de perceber e de nos libertar do condicionamento cármico.
A consciência semelhante a um espelho é uma resposta sensata a qualquer tipo de situação ou estímulo, porque nos abre e nos dá espaço e clareza para ver as coisas com objetividade antes de reagirmos. Assim descobrimos que temos opções e ficamos mais capacitados para nos livrar das reações automáticas condicionadas.
As leis do carma são realmente muito poderosas. Podemos sempre tomar conhecimento de ventanias emocionais e psicológicas que sopram de eventos e experiências passadas, mas, mesmo assim, o modo como vamos navegar nesses ventos pode fazer muita diferença. Por mais forte que tenha sido o nosso condicionamento, não precisamos passar a vida perpetuando esses hábitos.
Isso é uma questão de atenção consciente. Criar novos hábitos é a melhor maneira de trabalhar com o carma.
A lição mais importante que os buscadores podem aprender dos ensinamentos deixados por Buda sobre o carma, é que se cria carma novo à todo momento. Shambava dizia: “Se você quer conhecer sua vida passada, examine a sua condição presente; se quiser conhecer seu futuro, examine seus atos presentes”.
A sabedoria assinala que não existe acaso. O aquecimento global, por exemplo, não é acidental; todos nós temos participação nele.
Mas Buda ensinava, porém, que não importa o que fizemos no passado; nós determinamos nosso futuro e podemos fazê-lo com uma intencionalidade mais consciente.
É claro que é difícil alterar nossos próprios hábitos e costumes carmicamente condicionados. Ninguém disse que deveria ser fácil. Estamos tão congelados e acostumados ao nosso próprio modo de viver e de nos relacionar que caímos numa rotina, neurótica ou não, e esquecemos que existem inúmeras maneiras de agir e ser.
Qualquer pessoa que já tentou alterar o comportamento sabe como é difícil. A modificação bem sucedida do comportamento requer intenções positivas combinadas com determinação, vontade, força, perseverança, consciência e caráter.
Se quisermos nos encaminhar para um futuro melhor, talvez o melhor a fazer seja começar a cultivar uma consciência mais plena de como criar um melhor destino cármico na nossa vida.
Pergunte a si mesmo: o que posso fazer hoje para altera o meu carma amanhã? Escolha alguma coisa em sua vida que não esteja como deveria e comece a trabalhar nela. Existem muitas formas de carma – físico, emocional, familiar, comunitário, sexual. Você pode modificar o carma dos relacionamentos com seus entes queridos comportando-se de outra forma; na próxima refeição você pode alterar o seu carma físico ao comer de outra forma.
Mestres tibetanos diziam que a melhor maneira de melhor o carma é estimar, preservar e proteger todas as formas de vida. Agindo assim, cultivamos a gentileza, a nobreza e a generosidade da alma.


A mensagem que fica...
Sempre que reprimimos nossos hábitos não saudáveis ou ruins melhoramos nosso carma; sempre que somos material, emocional ou espiritualmente generosos com o próximo, melhoramos nosso carma; sempre que prezamos ou preservamos a vida, melhoramos nosso carma. E sentimos o resultado imediatamente pelo modo como nos sentimos conosco mesmos.
As práticas da Plena Consciência, Plena Atenção nos ajudam a prestar mais atenção nas implicações e nos resultados dos nossos atos.
Então, não se deixe derrubar; não recorra ao seu comportamento habitual de fuga, fundamentalmente insatisfatório. Não se jogue como um saco de batatas na rotina da sua zona de conforto. Pelo contrário, vá até a janela, relaxe, respire um pouco e sorria, se puder. Inspire, acalme e relaxe a mente. Expire, soltando-se e sorrindo, de novo e de novo e de novo.

Agora, vamos despertar e seguir o nosso caminho...

Nenhum comentário:

Postar um comentário