17 de mai. de 2015

Cultivo da autenticidade


Se eu pudesse recomeçar minha vida, eu começaria descalço no início da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Iria a mais bailes. Andaria mais na roda gigante. E colheria mais margaridas...

Esse relato é de uma senhora de oitenta anos.

Perceba... Todos poderíamos nos dar ao luxo de ser um pouco mais genuínos / verdadeiros, um pouco mais autênticos, não poderíamos? Por que precisamos envelhecer e nos tornar mais sábios para perceber que a criança interior continua existindo, passando muito bem e disposta a brincar? Por que precisamos envelhecer para compreender quanta alegria há em fazer coisas simples? Coisas que exprimam e abracem nossa alegria e nossa bondade essenciais?
Passamos tanto tempo vivendo no mundo das “obrigações”, tentando satisfazer as expectativas colocadas sobre nós – por nós mesmos e pelos outros – que não conseguimos ser sinceros conosco mesmos.
Alguns de nós carregam tantas vergonhas, que fingem até para si mesmos que algumas das suas recordações não existem. Trancamos essas recordações em cômodos secretos e jogamos fora a chave. Existem coisas que não queremos ver nem saber. Alguns acham que passamos muito tempo interpretando nossos papéis, nos escondendo atrás das máscaras que usamos para encarar o mundo. Usamos roupas especiais para criar uma imagem; criamos personalidades para combinar com as imagens que queremos criar. Com todos os papéis que interpretamos, às vezes percebemos que não somos quem pensamos ser. Então quem somos realmente? A pergunta “Quem sou?” é importante. Passamos a vida fazendo essa pergunta tantas vezes e de tantas formas, à procura da melhor resposta. Na verdade estamos procurando nossa verdadeira identidade. Talvez a resposta seja que não há resposta.
O que aconteceria conosco se começássemos a descascar as diversas camadas de personas? Se descascássemos as roupas, as expressões faciais, as metas, os planos, as ambições, o comportamento social, os papéis que interpretamos e os sentimentos que mantemos congelados... O que sobraria? Se pudéssemos continuar descascando e descascando até o nível mais profundo, o que nos sobraria?
Os cristãos diriam que nos resta a nossa alma eterna, o reflexo do reino de Deus. O budismo diz que, se aprofundarmos o suficiente, o que nos restará será o nosso estado natural inato, imortal, original, não trabalhado – o nosso ser genuíno. É a natureza búdica, nossa verdadeira natureza – nosso próprio quinhão, nossa parte de paraíso interior, ou nirvana.
A prática de meditação ajuda a nos conectar com a realidade e a verdade. A meditação é tão simples, tão direta, tão honesta e natural. E essa naturalidade é justamente a essência búdica.
Todos admiramos as pessoas que são capazes de combinar a santidade com uma qualidade prática natural, gente que está genuinamente em contato com o próximo e também com sua própria natureza verdadeira.
Admiramos os adeptos da verdade, mas como poderíamos viver assim? Simplesmente pare de apegar-se.
Não raro as verdades mais profundas são as mais simples e diretas. Começamos a por em prática o Darma – os ensinamentos -, quando deixamos de nos apegar a nossas ideias preconcebidas a respeito do que devemos fazer e alcançar. Encontramos a verdade quando aprendemos a nos “desprender”, a aceitar ver as coisas como são, e a simplesmente existir.

A mensagem de hoje é:
Encontramos a verdade ao descobrir nossa luz interior, nosso valor interior, nossa autenticidade e genuinidade. Isso é viver verdadeiramente.

Então, nesse momento, mergulhe profundamente dentro de si mesmo. Acho que gostará do que vai descobrir...

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