Começamos
com outra história de Osho...
Ele
diz:
Ouvi
uma vez, andando uma tarde, ouvi de dentro de uma pequena casa, uma criança
choramingando e dizendo: “Mãe, eu estou farto de andar em círculos”. A mãe
disse: “Ou você cala a boca ou eu prego o seu outro pé no chão também”.
Mas perceba... Você ainda não está
farto. Um pé está pregado na terra e, como essa criança, você está se movendo
em círculos. Você é como um disco de vinil quebrado. O mesmo verso se repete,
ele continua se repetindo. Você se cansa; através do tédio você fica sonolento.
O sono é bom! Depois do sono você se sente revigorado, mas isso não vai leva-lo
em direção a verdade; não vai leva-lo em direção ao despertar, absolutamente.
Toda a sua vida está se repetindo, passando pela mesma ranhura de novo e de
novo e de novo.
E por que esta repetição¿ A mente é
repetitiva, é um disco quebrado. A repetição é a própria natureza da mente. No
máximo você pode fazer círculos maiores, e com círculos maiores, você pode
sentir que há alguma liberdade; com círculos maiores você pode enganar a si
mesmo de que as coisas não estão se repetindo.
O círculo de uma pessoa compreende
24h. Se você é inteligente, você pode fazer um círculo de 30 dias; se você é ainda
mais inteligente, você pode fazer um círculo de 1 ano; se você é ainda mais
inteligente, você pode fazer um círculo de uma vida inteira, mas o círculo
permanece o mesmo. Não faz nenhuma diferença. Maior ou menor, você anda no
mesmo sulco, na mesma ranhura, você volta para o mesmo ponto.
E devido a esse entendimento, os
hindus chamaram a vida de uma roda – sua vida, é claro, não a vida de um buda
ou qualquer outro ser desperto. Buda é aquele que saltou para fora da roda. Mas
você se apega a roda, você se sente muito seguro lá – e a roda se move; A
palavra samsara, a palavra que os hindus usam para este mundo significa roda.
Perceba, ela se move na mesma ranhura; você vai e vem, e você faz muita coisa –
sem sucesso. Então, onde você se perde¿ Você se perde no primeiro passo.
A natureza da mente é a repetição, e a
natureza da vida não é a repetição. A vida é sempre nova, sempre. A novidade é
a natureza da vida; nada é velho, não pode ser. A vida nunca se repete, ela
simplesmente se torna a cada dia nova, a cada momento nova – e a mente é velha,
por isso a mente e a vida nunca se encontram.
Todo esforço da religião é como
descartar a mente e passar para a vida, como abandonar o mecanismo repetitivo
da mente e entrar no sempre novo, sempre vivo fenômeno da existência. E esse é
o ponto principal desta bela história, os Dois quilos de Tozan. Lembra?
O
mestre Tozan estava pesando linho no armazém.
Um
monge aproximou-se dele e perguntou: “O que é Buda”?
Tozan
disse: “Este linho pesa dois quilos”.
Primeiro: um mestre zen não é um
recluso, ele não renunciou à vida: sim, ao contrário, ele renunciou à mente e
entrou na vida.
Mas o que aconteceu a você¿ Você
renunciou a vida apenas para ser a mente. É por isso que as pessoas religiosas
fazem rituais: ritual significa um fenômeno repetitivo. Todos os dias pela
manhã elas tem que fazer a sua oração: um muçulmano faz cinco orações por dia,
um hindu continua fazendo o mesmo ritual todos os dias durante toda a vida, os
cristãos têm de ir a igreja todos os domingos... Perceba, apenas um ritual!
Porque a mente gosta de repetição, a mente cria um ritual – ela se sente
segura.
E se você prestar atenção vai perceber
que em sua vida cotidiana, também, a mente cria um ritual. Você ama, você se
encontra com amigos, você vai a festas... Tudo é um ritual, tem que ser feito,
repetido. Você tem um programa para todos os sete dias da semana, e o programa
é fixo – e isso tem sido assim desde sempre. Você se tornou um robô, não vivo.
A mente é um robô - um mecanismo repetitivo.
Um homem desperto, um homem iluminado
vive no momento presente: você pergunta, ele responde – mas ele não tem respostas
fixas. Ele é a resposta. Ele não pensa sobre isso, sobre o que você está
perguntando. Neste momento aconteceu do mestre estar pesando linho, e nesse
momento aconteceu de o linho pesar dois quilos e, quando o monge perguntou: “O
que é Buda”?, no ser de Tozan dois quilos eram a realidade. Ele simplesmente
disse: dois quilos de linho.
Parece absurdo na superfície. Se você
vai mais fundo, você descobre uma relevância, você encontra uma coerência que
não é da mente, mas do ser.
Qualquer coisa que esteja ali no
momento será a resposta, porque um Buda vive momento a momento – e se começar a
viver momento a momento, você se torna um Buda.
Esta
é a mensagem de hoje:
Viva momento a momento e você se torna um Buda. Buda é
aquele que vive momento a momento, que não vive no passado, que não vive no
futuro, que vive aqui e agora. Buda é uma qualidade de estar presente no aqui e
agora – e a condição de Buda não é um objetivo, você não precisa esperar, você
pode se tornar um Buda simplesmente aqui e agora.
Neste exato momento você pode
despertar. Você pode olhar, você pode agitar a mente um pouco, criar uma
descontinuidade, e de repente você entende... Mas se você também é muito
inteligente, você não vai entender. Não tente ser muito inteligente, porque há
uma sabedoria que é atingida por aqueles que se tornam tolos.
Se você puder ver, e se você puder ver
que a resposta não é um absurdo, você entendeu. É uma questão de entendimento
não mental. Se ele surge do coração, se você sente isso, não pense, se ele toca
todo o seu ser, se ele penetra, não é apenas uma coisa verbal, não é uma
filosofia, mas torna-se uma experiência, isso vai transformá-lo.
Eu estou falando sobre essas histórias
apenas para chocá-lo e tirá-lo da sua mente, apenas para levar você para um ponto
um pouco mais perto do coração – e se você está pronto, então vá ainda mais
abaixo, em direção ao umbigo.
Quanto mais para baixo você for, mais
fundo vai chegar... E, em última instância, a profundidade e a altura são a
mesma coisa.
Basta por hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário