22 de abr. de 2012

Índia por Monica Vidigall


Estou aqui tentando traduzir em palavras o que vivenciei, nesse país mágico que é a Índia.

E confesso  que cada vez  que mergulho em minhas experiências mais elas se tornam difíceis de transformar em palavras.

O mais importante para mim não é o que a Índia é e sim o que ela provocou em mim.
E ela  me empurrou para a verdade. A verdade da minha vontade de ser Eu mesma em cada gesto, fala e percepção clara .

E desde que decidi viajar os processos de transformação se tornaram cada vez mais intensos.
Havia em mim um forte desejo de sair de tudo que eu estava acostumada... rotinas, trabalho, comida etc... Estava disposta a embarcar nessa viagem purificadora de valores... Mas tive que enfrentar os desafios que a vida aqui no Brasil já apontava... A força da verdade, da sombra, do medo, da dor, da saudade, do apego, desapego... tudo passou a ter uma lente de aumento cada vez maior.

E assim ao chegar na Índia tudo parecia um caos... o cheiro insuportável, a geografia com muita poeira, muito calor (nessa época do ano), muita gente, muita mosca, tudo sempre muito... mas dentro de tudo isso uma harmonia se dá... é algo inimaginável.
Existe nesse país  a capacidade de mostrar a sujeira, a beleza, a miséria, o feio sem medo...



Eu pude sentir algo transformador em mim. Encontrar dentro do caos, da sujeira, da desorganização, do barulho infernal o Amor... encontrei uma harmonia, um silêncio que jamais senti aqui!

Você consegue imaginar estar num lugar onde pode ser ou se vestir da maneira que lhe convier... ninguém te olha por isso.
Via mulheres de todas as idades, femininas, de cabelos longos, bem arrumados, todas elas enfeitadas, que a princípio não havia  diferença de classe social. 
Vi multidões de pessoas que vivem nas ruas...
Meninas ainda com um olhar inocente, meninos gentis e crianças que sorriam para quem quer que fosse.
O olhar instigante e profundo dos indianos onde demonstra que quando se fala eles estão ali por inteiro. 
Percebi a espiritualidade em pequenos atos...  simplesmente quando falava para mim: "se você está feliz eu estou feliz"  altamente apaixonante...

Para os meus olhos... um país de paradoxo. 
Que aponta para seus reais valores, onde sugere pensar aonde você esta.  Mostra a dor e a beleza, a honestidade e a confiança, a trapaça... tudo ao mesmo tempo.

Enfim, fui vivendo aquele momento com as cores dos indianos, com os gestos, com os olhares, com o testemunhar do relacionamento afetuoso dos homens com os homens, da miséria quase por inteiro na Índia, do abandono das autoridades, pela estrutura de como as pessoas vivem, na repressão, na Burca. 
Mas contrastando com todo meu julgamento, pude ver homens extremamente gentis comigo, um olhar afetuoso, curioso, respeitoso... Homens que colocam as mulheres num local de proteção.
Somente com um olhar profundo e amoroso é possível olhar para o melhor! Isso é que trago na minha "bagagem" e que nenhum livro poderá me dar, trago apenas essa extraordinária experiência em minha vida.

Sou aqui apenas uma pesquisadora tentando "olhar" esse país e tentando buscar a mim mesma nessa grandiosidade que se chama universo.

E quando peguei minhas malas... peguei realmente minhas malas e deixei tudo para trás como nunca tinha feito antes em minha vida. E descobri nessa viagem a capacidade de que posso  ir a qualquer lugar do mundo... sem a barreira e a dificuldade da língua.  
O mais importante é o desejo de conhecer o novo e me abrir para ele e assim acreditar e perceber o potencial de busca interior.

Aqueles momentos enquanto turista fui tratada de forma especial, onde fiz por um breve tempo amigos sinceros, com a minha sede de conhecimento por uma nova cultura e por novos hábitos. 
E assim vou agora tentando me ajustar a vida que levo aqui... agora com mais um capitulo nessa história que chamo de Vida.


Veja também:

Índia por Guilherme Jenné


Ficar repetindo que a Índia é um País sujo, com milhões de mendigos é continuar a olhar com a mente lógica e perder a oportunidade de transformar esse olhar crítico num olhar mais amoroso. E isso não tem nada a ver com compaixão.
A Índia é um país de contrastes, onde o novo convive com o velho, onde sadhus (homens considerados santos) convivem com jovens de roupas ocidentais, onde carros de boi trafegam lado a lado com carros luxuosos. E isso tudo dentro de uma harmonia e de um equilíbrio maravilhoso.

As Pessoas
É preciso sair da mente e abrir o coração para perceber o olhar dos Indianos, para perceber a tamanha confiança na vida e no homem, para perceber a felicidade e alegria que esse povo demonstra.
Enquanto estava olhando a sujeira perdia a sensibilidade no olhar...
As pessoas olham profundamente pra você enquanto você fala, não desviam o olhar, como nós (ocidentais), que fugimos do olhar de quem nos fala. Talvez tenhamos medo ou vergonha de que possam perceber o quanto somos falsos ou não confiáveis.

O Trânsito
O trânsito é caótico por pelo menos 19h por dia. Parece que a buzina só não é ouvida entre meia noite e cinco da manhã. As ruas são movimentadas e observamos carros, motos, riquishaws (uma espécie de moto-táxi), bicicletas, pessoas, elefantes, camelos, vacas e macacos por todo o canto. Mas o mais impressionante é que tudo isso dentro de uma harmonia de causar inveja a qualquer ocidental estressado. Não há discussão no trânsito e todo mundo se entende.

Silêncio
Se você vai à procura de silêncio desista da Índia. Esse é um País barulhento. Uma multidão de pessoas está sempre ao seu lado onde quer que você vá, onde quer que você esteja e, se você desejar permanecer silencioso, só mesmo nas montanhas.

É impressionante a quantidade de templos espalhados pela Índia. Em cada rua, em cada esquina você encontra um pequeno templo. E se você pensa que não haverá ninguém lá, engana-se. Todos os dias eles cantam mantras e prestam suas reverências a diversos Deuses. Eu disse todos os dias – as mesmas pessoas em cada templo. Completamente diferente daqui, onde as pessoas vão cumprir apenas uma obrigação aos domingos por uma determinada hora e se esquecem Dele durante o restante da semana.

Yoga
É difícil encontrar algum local para praticar Yoga na Índia, pelo menos Yoga no sentido que conhecemos – Hatha Yoga.
Só fui encontrar Hatha Yoga em Rishikesh – norte da Índia (capital mundial do Yoga) e, assim mesmo, só Ocidental pratica.
Pude perceber que a Yoga dos Indianos é devocional.

Enfim, pude confirmar o que Osho disse em algum momento: “O Ocidente está se virando para o Oriente com muitas pessoas buscando o crescimento espiritual e, o Oriente, por sua vez, está se virando para o Ocidente com muitas pessoas buscando o crescimento material”.

Por um momento penso que a inocência, a verdade e a fé encontrada na Índia - infelizmente - estão com os dias contados.

Haridwar

O Ganges, rio mais sagrado da Índia, desce do Himalaia e inicia em Haridwar sua jornada pela planície. Esse fato fez da cidade um ponto de peregrinação, sonho de todo devoto hindu. A atração da cidade é o Holy Ganga (Ganga Festival), com diversos tanques, ghats e templos para os banhos rituais.
Esses movimentados locais das práticas rituais hindus, realizadas pelos peregrinos para a salvação de seus antepassados e por sua própria expiação, mostram a profunda fé no poder do rio.
O nome da ghat principal, Har-Ki-Pauri, vem da suposta pegada de Vishnu nesse local.
Centenas de pessoas assistem ao aarati todas as tardes (entre 18 e 18:30h) nesta ghat, quando barcos de flores, iluminados com lamparinas são soltos pelo Ganges.




Ghat principal






Veja também nossa passagem por outras cidades:
Mumbai  -  Pune  -  Delhi  -  Rishikesh

21 de abr. de 2012

Delhi

Chegamos em Delhi de avião vindo de Mumbai. No aeroporto Internacional de Delhi encontramos uma estrutura muito interessante com diversos Mudras.


No aeroporto ficamos sabendo que poderíamos chegar ao centro da cidade de Metro e para a nossa surpresa o Metro é a melhor opção, pois além de ser super limpo é bem confortável e seguro.

Todos os contrastes e contradições da Índia estão bem visíveis na capital: encontramos jovens de calças jeans junto com sadhus (homens santos), mulheres de saris e outras em estilo ocidental, carros de boi trafegam lado a lado com carros luxuosos.
Nova Delhi possui prédios do governo e também abriga o bairro diplomático, onde se localiza todas as embaixadas.

Atrações Turísticas:

Jami Masjid
Essa mesquita grandiosaa, com três imponentes cúpulas de mármore preto e branco foi erguida em 1656 pelo imperador Shah Jahan.
No tempo de Aurangzeb, esta área atraía vendedores de cavalos e prestidigitadores (ilusionistas); atualmente, fica cheia de guardadores de sapatos e mendigos.
Jami Masjid

Red Fort
As muralhas de arenito vermelho deram nome a esta fortificação. A construção encomendada por Shah Jahan em 1639 levou nove anos para terminar e sediou o governo Mogul até 1857, quando seu último imperador, Bahadur Shah Zafar, foi destronado e exilado.
E o Red Fort continua sendo um símbolo poderoso da nacionalidade indiana. Aqui foi hasteada a bandeira nacional pela primeira vez quando a Índia se tornou nação independente em 15 de agosto de 1947.
Red Fort
Qutub Minar
Torre isolada mais alta da Índia, a Qutub Minar (termo árabe para poste ou eixo) marca o local do primeiro reino muçulmano no norte da Índia, fundado em 1193.
Qutub Minar

Baha'i House of Worship
Construção moderna mais inovadora de Delhi. No interior desse templo o ambiente é de silêncio e ordem. Tem um atraente formato de flor de lótus, com 27 pétalas de mármore branco, que lhe valeu o nome popular de Templo de Lótus. Esse prédio lindíssimo é rodeado por nove espelhos d'água e lindos gramados.
Apenas como curiosidade, a seita Baha'i surgiu na Pérsia e parte do ponto de vista de que a humanidade é uma única raça. Devotos de todas as fés são convidados a meditar no grandioso auditório que tem acomodações para 1300 pessoas.
Templo de Lótus

Índia gate
Esse arco de arenito vermelho foi erguido em homenagem aos soldados indianos e britânicos que morreram na primeira guerra mundial e aos que tombaram em batalhas da Fronteira Norte-Oeste da Província e da Terceira Guerra Afegã. Uma chama eterna queima para lembrar os soldados que morreram na Guerra Índia-Paquistão, de 1971.
Índia Gate - em Delhi

Pahar Ganj
Simplesmente o paraíso dos sacoleiros rsrsrs. Se você ainda não sabe onde a galera que vem para a Índia faz compras... Pahar Ganj!
É simplesmente uma loucura. Você fica sem saber para onde ir, para onde olhar, qual loja entrar. São milhares de lojas à sua disposição, milhares de vendedores te puxando pra dentro das lojas. Nesse lugar você se sente como uma nota de cem dólares voando - e todo mundo tentando te pegar.
É o que parece mesmo - loucura! Mas vale a pena






Veja também nossa passagem por ouras cidades:
Mumbai  -  Pune  -  Rishikesh  -  Haridwar

20 de abr. de 2012

Rishikesh

É o ponto inicial da sagrada rota de peregrinação até Gangotri. Rishikesh é considerada a capital mundial do Yoga. Possui diversos Ashrams famosos - como o Shivananda Ashram -, que oferecem diversos cursos sobre Yoga.
Em Rishikesh encontramos duas pontes suspensas sobre o rio Ganges: Rama Jhula e Lakshman Jhula. E é justamente nos arredores dessas duas pontes que tudo acontece nessa cidade serena, localizada às margens do Ganges, em meio a morros verdejantes.

Nossa chegada a Rishikesh se deu de táxi vindo da capital Delhi. O melhor a se fazer é viajar de trem - a partir de Delhi - até Haridwar e de lá pegar um ônibus até Rishikesh (1 hora de viagem), mas como estávamos na alta temporada na Índia foi difícil encontrar passagens de trem. A espera estava entre 7 e 10 dias e decidimos pegar um táxi.

A viagem de táxi levou 8:30hs e foi muito cansativa. Chegamos em Rishikesh à noite (21h) e decidimos escolher entre dois hotéis indicados pelo motorista de táxi. Optamos pela segunda indicação: Hotel Ganesha Inn. Ao acordarmos pela manhã uma grata surpresa: o visual do rio Ganges nos deixou completamente apaixonados pela cidade.
Visual do café da manhã

Após o café da manhã partimos para nosso primeiro contato com essa cidade que viria a ser a nossa grata surpresa. Entramos no primeiro Ashram, cerca de 100 metros do hotel Ganesha Inn. 

Nos fundos desse Ashram encontramos uma escadaria com 320 degraus que nos levaria ao primeiro contato com o rio Ganges.



A partir desse momento resolvemos permanecer em Rishikesh por pelo menos 10 dias e saímos em busca da cidade.
Olhar Indiano característico - penetrante
As crianças são enfeitadas e pintadas desde cedo
Esse ficou conhecido como my friend
olhar amoroso e sorriso contagiante
No Sathya Ashram participamos dos maravilhosos Satsangs com Prem Baba  - Mestre espiritual brasileiro há 7 anos amado pelos Indianos e uma multidão de ocidentais. Todos os dias cerca de 400 pessoas se aglomeram no salão do Sathya Ashram para participar do Satsang. Prem Baba recebe a todos com amor e simpatia. É impressionante a devoção das pessoas com Prem Baba. É considerado um verdadeiro santo por todos em Rishikesh.
Prem Baba
Uma das muitas atividades que Prem Baba promove é a limpeza do entorno do rio Ganges. Em 10 dias ele convidou as pessoas a participarem desse mutirão de limpeza por duas vezes. Uma atitude que chama a atenção inclusive da televisão Indiana que fez uma reportagem sobre essa atividade. Parece que limpeza não é o forte da Índia e uma atitude dessa merece um programa de TV.


Monica participando do mutirão. Aguardem Karma Yoga em nossas futuras trilhas
Os Sadhus de Rishikesh



Estilo Índia rsrsrs. Conforto e praticidade. Na Índia cada um se veste da maneira que lhe convier e ninguém liga. Essa moda podia pegar por aqui (Brasil)


Nesses 10 dias praticamos muita Yoga - inclusive trabalhamos no Hotel que estávamos hospedados (à convite do dono do Hotel) em troca de 50% da diária.
Uma das muitas atividades que realizamos foi trabalhar em cima das fotos dos diversos asanas para complementar nosso Blog Eventos de Yoga - Asanas



O rio Ganges - um capítulo à parte






Alguns Ashrams de Rishikesh


Prática de Rafting no Ganges atrai centenas de pessoas por dia


Shiva - Om Namah Shivaya
Essa estátua de Shiva está às margens do Ganges. Simplesmente maravilhoso

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